Em diálogos
gravados em março passado, o ministro do Planejamento, senador licenciado
Romero Jucá (PMDB-RR) sugeriu ao ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado que
uma "mudança" no governo federal resultaria em um pacto para
"estancar a sangria" representada pela Operação Lava Jato, que
investiga ambos.
Segundo reportagem
de Rubens Valente, as conversas, que estão em poder da PGR (Procuradoria-Geral
da República), ocorreram semanas antes da votação na Câmara que desencadeou o
impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Machado se mostrou
preocupado com o envio do seu caso para a PF de Curitiba e chegou a fazer
ameaçadas: "Aí fodeu. Aí fodeu para todo mundo. Como montar uma estrutura
para evitar que eu 'desça'? Se eu 'descer'...".
O atual ministro
afirmou que seria necessária uma resposta política: "Se é político, como é
a política? Tem que resolver essa porra. Tem que mudar o governo para estancar
essa sangria", diz Jucá. Ele acrescentou que um eventual governo Michel
Temer deveria construir um pacto nacional "com o Supremo, com tudo".
Machado disse: "aí parava tudo".
O atual ministro
concordou que o envio do processo para o juiz Sérgio Moro não seria uma boa
opção e o chamou de "uma 'Torre de Londres'", em referência ao
castelo da Inglaterra em que ocorreram torturas e execuções entre os séculos 15
e 16. Segundo ele, os suspeitos eram enviados para lá "para o cara
confessar".
Na conversa, eles
dizem que o único empecilho no pacto era o presidente do Senado, Renan
Calheiros (PMDB-AL), porque odiaria Cunha. "Só Renan que está contra essa
porra. 'Porque não gosta do Michel, porque o Michel é Eduardo Cunha'. Gente,
esquece o Eduardo Cunha. O Eduardo Cunha está morto, porra", afirma Jucá
no diálogo, que foi gravado.
"O Renan reage
à solução do Michel. Porra, o Michel, é uma solução que a gente pode, antes de
resolver, negociar como é que vai ser. 'Michel, vem cá, é isso e isso, isso,
vai ser assim, as reformas são essas'", disse Jucá ao ex-presidente da
Transpetro.
O advogado do ministro do Planejamento, Antonio Carlos de Almeida
Castro, o Kakay, afirmou que seu cliente "jamais pensaria em fazer
qualquer interferência" na Lava Jato e que as conversas não contêm
ilegalidades.
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