Alguém aí se lembra das pedaladas fiscais? Oficialmente, esse foi o motivo para que a presidente Dilma Rousseff fosse temporariamente afastada da presidência da República, nas votações de 17 de abril, na Câmara, e 12 de maio, no Senado.
Ocorre que, depois de Sergio Machado, o Brasil inteiro sabe que as chamadas “pedaladas”, sobre contas do governo federal que só serão julgadas pelo Tribunal de Contas da União em setembro deste ano, foram apenas o pretexto encontrado para justificar um impeachment sem crime de responsabilidade. Em outras palavras, um golpe parlamentar.
A trama foi revelada por um dos ministros mais fortes do governo provisório de Michel Temer. Nos áudios gravados pelo ex-presidente da Transpetro, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) fala da necessidade de “parar essa porra” e “estancar essa sangria”, numa claríssima referência à Lava Jato.
Tão clara que custou a própria cabeça de Jucá.
Depois desse episódio, o Senado Federal tem agora uma batata quente nas mãos. Como será possível cassar Dilma definitivamente do cargo por pedaladas fiscais, quando o Brasil e o mundo já sabem que a verdadeira motivação do impeachment era conter os efeitos da Lava Jato sobre a oligarquia política?
Por mais que o relator do processo, senador Antonio Anastasia (PSDB-MG), faça contorcionismos retóricos, impeça o trabalho da defesa e tente acelerar o caso, antes que novas bombas apareçam, o julgamento do mérito do processo, no Senado, agora será presidido pelo ministro Ricardo
Lewandowski, presidente do Supremo Tribunal Federal. O que significa que, mesmo num tribunal político, o processo ganha contornos jurídicos. E Dilma terá não só o direito, como o dever, de usar a confissão de Romero Jucá em sua defesa.
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