XIQUE-XIQUE É NOSSA FESTA, É NOSSO SHOW

"Depois que a festa acaba e as cortinas se fecham, somos obrigados a sair do torpor e guardar a serpentina no saco ..."

Acabaram-se,  provisoriamente,  as comemorações do aniversário de 88 anos de  Xique-Xique, e agora, terminada a festa, temos de encarar a realidade tal qual ela se nos apresenta, sem fantasia.

Xique-Xique continua a ser a mesma urbe, o mesmo município do semiárido baiano que se abstrai, espontaneamente,  de  uma formidável desigualdade social, tanto faz na centralizada  avenida J.J. Seabra  quanto  no proletário bairro do Guaxinim, na Ponta da Ilha ou nos Paramelos.

Seriam as festas o ópio do xiquexiquense?

Talvez seja em virtude das nossas   tragédias cotidianas.

Poderia eu  crer, sem grande rigor,  que  a fluoxetina, remédio usado para inibir depressão até mesmo coletiva,  seria a receita com a qual Dr. Ricardo, o prefeito,  fez  a   cidade esquecer, por  esses quatro dias, que o precipício pode estar ali do inicio ao  fim do rebolado de Igor Kannário, de Léo Santana, da Vingadora e outros bambas do pagode e do  axé.  Tudo certo. Faz parte.  Somos todos de bem com a vida e participar desses shows  é mais barato do que terapia com prozac. Por isso a gente merece sim comemorar a nossa “Emancipação Política”, pois antes de tudo somos barranqueiros fortes. 

Não pretendo aqui   relativizar o cenário nem negar a realidade.  Contudo não há de se negar que  em plena avenida J.J. Seabra, a banda Kybalanço parecia gritar aos quatro ventos e para os foliões dos dias 10 a 13 de junho,  em acordes e batuques  de pagode: "Cadê a crise” ?   Ora, ora… a crise está por todos os lados e só  não enxerga quem não quer ver, responderia um xiita.  

Mas é prudente ter cuidado com o terrorismo midiático e político. Não estamos vivendo o apocalipse em Xique-Xique, muito pelo contrário.

Nilson Machado de Azevedo