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Bahia, 2 de Julho de 1823

7/02/2016


...Não! Não eram dois povos que abalavam
Naquele instante, o solo ensanguentado…
Era o porvir – em frente ao passado,
A Liberdade – em frente à Escravidão,
Era a luta das águias — e do abutre,
A revolta dos pulsos – contra os ferros,
O pugilato da razão — com os erros,
O duelo da treva – e do clarão!…

No entanto a luta recrescia indômita…
As bandeiras — como águias eriçadas —
Se abismavam com as asas desdobradas
Na selva escura da fumaça atroz…
Tonto de espanto, cego de metralha,
O arcanjo do triunfo vacilava…
E a glória desgrenhada acalentava
O cadáver sangrento dos heróis!…

Castro Alves (trecho do poema Ode ao Dois de Julho)




Iniciada em 1821 e com desfecho no dia 02 de julho de 1823, a Independência da Bahia foi um dos mais intensos movimentos contra a dominação portuguesa no Brasil. Motivado pelo sentimento emancipador do povo, culminou na inserção da até então província da Bahia na unidade nacional brasileira, durante a Guerra da Independência do Brasil. Na Bahia, a luta pela Independência veio antes da brasileira, mas se  concretizou quase um ano após o 7 de setembro de 1822, ao custo de acirradas batalhas e milhares de vidas.  

Salvador  continuava controlada pelos portugueses. Ao ser aclamado imperador no Rio de Janeiro, em 12 de outubro de 1822, D. Pedro I declarou seu apoio aos patriotas baianos. Enviou para Bahia material bélico, tropas e o General Pedro Labatut (1768-1849), um militar francês com experiência nas guerras napoleônicas e hispano-americanas. Tropas de Pernambuco e da Paraíba também vieram reforçar o Exército Pacificador. O general Labatut comandou as tropas baianas que venceram os portugueses na Batalha de Pirajá, nos arredores de Salvador, em 8 de novembro de 1822.

Os antecedentes do movimento

Desde a Conjuração Baiana , em 1798, o sentimento de independência em relação a Portugal estava enraizado na população da Bahia. A Revolução Liberal do Porto, de 1820, teve uma grande repercussão na Bahia e, em fevereiro de 1821, explodiu uma conspiração de cunho constitucionalista em Salvador, contando com a participação de José Pedro de Alcântara, Cipriano Barata, o capitão João Ribeiro Neves, dentre outros. A exemplo de Portugal, os conspiradores liberais queriam uma constituição que limitasse o poder real. Nesse período, as relações entre portugueses e brasileiros começaram a se acirrar. Em 11 de fevereiro de 1822, um novo grupo do governo, administrado pelo general português Inácio Luís Madeira de Melo deu motivo para o início das disputas.


Os conflitos

Os primeiros conflitos tiveram início em 19 de fevereiro de 1822, nos arredores do Forte de São Pedro, no Campo Grande. alastrando-se, em pouco tempo, para os arredores da cidade de Salvador. Na Bahia, três facções mantinham a luta acesa: os partidários da manutenção do regime colonial (composto majoritariamente por portugueses); os constitucionalistas do Brasil, que defendiam uma constituição para o país; e os republicanos, que eram adeptos da emancipação política, com a adoção de um regime republicano.


Na primeira onda de conflitos, as tropas lusitanas invadiram casas, enfrentaram militares nativos e atacaram civis. O episódio mais marcante ocorreu com a invasão do Convento da Lapa  por  soldados portugueses que assassinaram a Madre  Joana Angélica de Jesus. Posteriormente, o movimento separatista ganhou forças em outras vilas, como a de São Francisco do Conde, Santo Amaro, São Felix  e Cachoeira.


Foi  Cachoeira que sediou o quartel das tropas brasileiras, que chegaram a ter mais de 13 mil combatentes, entre os quais Maria Quitéria. Esse exército era formado por pessoas comuns, que improvisavam armas artesanais para enfrentar os inimigos, e mesmo sem a mesma estrutura portuguesa, conseguiu a vitória mais de um ano depois de iniciado o confronto. O povo conhecia bem a região e os portugueses não. Isso facilitava a logística e a organização do combate

Após outros confrontos que tomaram outras cidades do Recôncavo Baiano e a capital Salvador, com a resistência eficiente dos defensores da independência e o apoio dos navios sob a liderança do  escocês Almirante  Thomas Cochrane, as tropas fiéis a Portugal foram derrotadas em 2 de julho de 1823, data em que os portugueses foram expulsos da Bahia.



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