...Não! Não eram dois povos que abalavam
Naquele instante, o solo ensanguentado…
Era o porvir – em frente ao passado,
A Liberdade – em frente à Escravidão,
Era a luta das águias — e do abutre,
A revolta dos pulsos – contra os ferros,
O pugilato da razão — com os erros,
O duelo da treva – e do clarão!…
Naquele instante, o solo ensanguentado…
Era o porvir – em frente ao passado,
A Liberdade – em frente à Escravidão,
Era a luta das águias — e do abutre,
A revolta dos pulsos – contra os ferros,
O pugilato da razão — com os erros,
O duelo da treva – e do clarão!…
No entanto a luta recrescia indômita…
As bandeiras — como águias eriçadas —
Se abismavam com as asas desdobradas
Na selva escura da fumaça atroz…
Tonto de espanto, cego de metralha,
O arcanjo do triunfo vacilava…
E a glória desgrenhada acalentava
O cadáver sangrento dos heróis!…
As bandeiras — como águias eriçadas —
Se abismavam com as asas desdobradas
Na selva escura da fumaça atroz…
Tonto de espanto, cego de metralha,
O arcanjo do triunfo vacilava…
E a glória desgrenhada acalentava
O cadáver sangrento dos heróis!…
Castro Alves (trecho do poema Ode ao Dois de Julho)
Iniciada
em 1821 e com desfecho no dia 02 de julho de 1823, a Independência da Bahia foi
um dos mais intensos movimentos contra a dominação portuguesa no Brasil.
Motivado pelo sentimento emancipador do povo, culminou na inserção da até então
província da Bahia na unidade nacional brasileira, durante a Guerra da
Independência do Brasil. Na Bahia, a luta pela Independência veio antes da
brasileira, mas se concretizou quase um
ano após o 7 de setembro de 1822, ao custo de acirradas batalhas e milhares de
vidas.
Salvador
continuava controlada pelos portugueses.
Ao ser aclamado imperador no Rio de Janeiro, em 12 de outubro de 1822, D. Pedro
I declarou seu apoio aos patriotas baianos. Enviou para Bahia material bélico, tropas e o
General Pedro Labatut (1768-1849), um militar francês com experiência nas
guerras napoleônicas e hispano-americanas. Tropas de Pernambuco e da Paraíba
também vieram reforçar o Exército Pacificador. O general Labatut comandou as
tropas baianas que venceram os portugueses na Batalha de Pirajá, nos arredores
de Salvador, em 8 de novembro de 1822.
Os antecedentes
do movimento
Desde a Conjuração Baiana , em 1798, o sentimento
de independência em relação a Portugal estava enraizado na população da Bahia.
A Revolução Liberal do Porto, de 1820, teve uma grande repercussão na Bahia e,
em fevereiro de 1821, explodiu uma conspiração de cunho constitucionalista em
Salvador, contando com a participação de José Pedro de Alcântara, Cipriano
Barata, o capitão João Ribeiro Neves, dentre outros. A exemplo de Portugal, os
conspiradores liberais queriam uma constituição que limitasse o poder real.
Nesse período, as relações entre portugueses e brasileiros começaram a se
acirrar. Em 11 de fevereiro de 1822, um novo grupo do governo, administrado
pelo general português Inácio Luís Madeira de Melo deu motivo para o início das
disputas.
Os conflitos
Os primeiros conflitos tiveram início em 19 de fevereiro de 1822, nos arredores do Forte de São Pedro, no Campo Grande. alastrando-se, em pouco tempo, para os arredores da cidade de Salvador. Na Bahia, três facções mantinham a luta acesa: os partidários da manutenção do regime colonial (composto majoritariamente por portugueses); os constitucionalistas do Brasil, que defendiam uma constituição para o país; e os republicanos, que eram adeptos da emancipação política, com a adoção de um regime republicano.
Na primeira onda de conflitos, as tropas lusitanas invadiram
casas, enfrentaram militares nativos e atacaram civis. O episódio mais marcante
ocorreu com a invasão do Convento da Lapa
por soldados portugueses que
assassinaram a Madre Joana Angélica de
Jesus. Posteriormente, o movimento separatista ganhou forças em outras vilas,
como a de São Francisco do Conde, Santo Amaro, São Felix e Cachoeira.
Foi Cachoeira que sediou o quartel das tropas brasileiras, que chegaram a ter mais de 13 mil combatentes, entre os quais Maria Quitéria. Esse exército era formado por pessoas comuns, que improvisavam armas artesanais para enfrentar os inimigos, e mesmo sem a mesma estrutura portuguesa, conseguiu a vitória mais de um ano depois de iniciado o confronto. O povo conhecia bem a região e os portugueses não. Isso facilitava a logística e a organização do combate
Após outros confrontos que tomaram outras cidades do Recôncavo Baiano e a capital Salvador, com a resistência eficiente dos defensores da independência e o apoio dos navios sob a liderança do escocês Almirante Thomas Cochrane, as tropas fiéis a Portugal foram derrotadas em 2 de julho de 1823, data em que os portugueses foram expulsos da Bahia.
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