Liminar do Tribunal Regional do
Trabalho (TRT) determinou a abertura das agências por duas horas por dia
durante o período da greve
A Ordem dos Advogados do Brasil
Seccional Pernambuco (OAB-PE) pediu a prisão da presidente do Sindicato dos
Bancários de Pernambuco, Suzineide Rodrigues, caso a entidade não cumpra
determinação judicial de garantir quantidade mínima de funcionários em
atendimento nos caixas durante a greve da categoria.
Uma liminar do Tribunal Regional do
Trabalho (TRT) determinou a abertura das agências por duas horas por dia
durante o período da greve, com 30% dos funcionários trabalhando. O sindicato
argumentou que já está cumprindo a Lei de Greve, com 30% da categoria em
serviço, não necessariamente em todas as agências.
Na ação civil pública apresentada
hoje (29), além da prisão da sindicalista, a OAB pede o aumento do valor da
multa por descumprimento da ordem, de R$ 10 mil para R$ 100 mil diários.
A origem do embate entre a OAB e o
Sindicato dos Bancários é o pagamento de alvarás, que só pode ser feito nos
caixas dentro das agências. Os alvarás são ordens de pagamento da Justiça em
favor de uma pessoa física que servem, por exemplo, para o recebimento de
pensão alimentícia depositada em juízo, de valores resultantes de reclamações
trabalhistas ou de discussões locatícias. Se o pagamento do alvará não é feito,
os advogados ficam sem a sua remuneração, já que os honorários são um
percentual cobrado, normalmente, em cima do recurso ganho judicialmente.
Em assembleia, os bancários decidiram
que a responsabilidade de organizar o atendimento (usando o contingente que não
aderiu à greve) é dos bancos, e não do movimento grevista. O sindicato
considerou o pedido da OAB à Justiça um desrespeito ao direito de greve e disse
que lei que determina o funcionamento de 30% do serviço já vem sendo cumprida e
que os alvarás deveriam ser pagos em agências que estão dentro dessa margem.
A presidente do sindicato, Suzineide
Rodrigues, disse que o Banco do Brasil se organizou para disponibilizar o
pagamento dos alvarás, mas a Caixa Econômica Federal se negou a fazer o
mesmo.“A Caixa não quer convocar, porque ela tem gente na agência. Inclusive em
notas oficiais ela tem dito que tem 40% do contingente trabalhando. A categoria
aprovou por unanimidade que a Caixa pode abrir a agência que o sindicato ou os
bancários não vão intervir. Qual é o problema? É que querem que o sindicato
faça uma coisa que não é de sua alçada, que é impor aos bancários que estão de
greve, que tem a função de caixa, que trabalhem. A gente não tem esse poder”,
argumentou.
Sobre o pedido de prisão, a
sindicalista disse que não pode ser responsabilizada por uma decisão que cabe
aos bancos. “Eu não respondo pela Caixa. Eu respondo pela política do
sindicato, pela greve, pela convocação, pelas assembleias, mas não pela gestão
do banco. Mas se eu for presa é por uma causa justa, porque estou defendendo um
interesse da categoria e estou seguindo rigorosamente o definido em
assembleia.”
Em nota, a Caixa informou “que a
federação e o Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários devem
providenciar o cumprimento da decisão, convocando os empregados para que ao
menos 30% compareçam para trabalhar, propiciando o atendimento mínimo
necessário, conforme determinação judicial”.
O presidente da OAB-PE, Ronnie
Duarte, disse que a cobrança foi feita ao sindicato, e não aos bancos, porque a
entidade é a responsável pela deflagração da greve. “É ele quem representa
todos os bancários. A instituição bancária não pode convocar funcionários em
greve sob pena de ser acusada de assédio moral.”
“O direito de greve é legítimo, a
reivindicação é razoável, mas o exercício desse direito vem ocorrendo em
desacordo com a legislação. A adesão dos caixas ao movimento é integral, então
as atividades bancárias como o pagamento de alvarás, que não pode ser feito por
via eletrônica, vem sacrificando a população”, argumentou.
A OAB diz que o percentual de 30% de
funcionários em serviço determinado por lei não está sendo cumprido, porque há
serviços totalmente parados.
GREVE
Os bancários estão em greve há mais
de três semanas em todo o Brasil. Os trabalhadores pedem reajuste salarial de
14,78%, dos quais 5% são de aumento real. A pauta inclui reajuste sobre a
participação nos lucros e resultados (PLR) de três salários mais R$ 8.297,61;
piso salarial de R$ 3.940,24; vales alimentação e refeição, e
auxílio-creche/babá no valor do salário-mínimo nacional (R$ 880).
Atualmente, os bancários têm um piso
de R$ 1.976,10 (R$ 2.669,45 para os funcionários que trabalham no caixa ou
tesouraria). Até agora, a proposta dos bancos, apresentada no último dia 9, foi
de reajuste de 7% para os salários e benefícios, além de um abono de R$ 3.300.
O reajuste seria aplicado também ao PLR.
0 comentários:
Postar um comentário
Os comentários serão de responsabilidade dos autores. podendo responder peço conteúdo postado!