Num país, algumas datas
são para celebrar. Outras, para lamentar. O dia 31 de março é para lamentar.
Há 54 anos, uma
conspiração destruiu uma democracia com o argumento cínico de que estava
exatamente preservando a democracia. O que havia de mais atrasado na sociedade
da época se juntou na trama: militares, CIA, políticos conservadores e grandes
empresários do jornalismo, como os Mesquitas, Roberto Marinho e Octavio Frias
de Oliveira.
A administração que
nasceu dessa aliança foi um colosso da inépcia. O Brasil piorou dramaticamente
– excetuado o pequeno grupo que tomou conta do Estado.
O País se favelizou.
Conquistas trabalhistas foram extirpadas, como a estabilidade. Greves – a única
arma dos trabalhadores – foram proibidas. O ensino público que era excelente –
e promovia a mobilidade social – foi devastado, com a perseguição a professores
e o controle obsceno do que era ensinado nas salas de aula.
Os generais presidentes – Castelo
Branco, Costa e Silva, Médici, Geisel e Figueiredo – merecem um esculacho
eterno.
Falavam em combater a
corrupção dos civis e não conseguiram criar em seu partido, a Arena, nada que
fosse além de Paulo Maluf. Foram mais de 20 anos de pesadelo.
Alguns cúmplices dos
militares acabaram também se dando mal. Carlos Lacerda, o eterno conspirador,
queria que eles derrubassem João Goulart e preparassem o terreno para que ele,
Lacerda, ascendesse à Presidência. Acabou sendo cassado pelos militares golpistas.
Os Mesquitas, donos do
jornal O Estado de São Paulo foram obrigados a publicar receitas culinárias para ocupar o
espaço de textos censurados. Otávio Frias, do jornal Folha de São Paulo, um
jornal conservador, foi submetido à humilhação de receber uma ordem telefônica
para demitir o diretor de redação Cláudio Abramo, e obedeceu.
É bom não esquecer que 31 de março é um dia para lamentar. O golpe de 1964 fez o Brasil dar um passo gigantesco para trás.
É bom não esquecer que 31 de março é um dia para lamentar. O golpe de 1964 fez o Brasil dar um passo gigantesco para trás.
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