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OS PENITENTES DA SEMANA SANTA

3/27/2018






Os penitentes flagelam-se com as lâminas afiadas da “disciplina”, num suplício multifacetado de arrependimentos buscando redimir os próprios pecados e os alheios. As almas que  irão levitar no limbo do purgatório estarão a   se alimentar das orações em forma de cânticos e benditos, na esperança de atenuar os seus sofrimentos, numa espécie de progressão da penitência terrena, fechada,  para o regime celestial, aberto.

Os devotos de si próprios e  das almas que porventura serão santas, buscarão ser amparados e recompensados pelos efêmeros habitantes  do purgatório, lugar de penumbra, de expiação e de sofrimento compensatório, onde as penas deixam de ser perpétuas, eternas,  para serem por tempo determinado.

Os rituais  penitenciais praticados pelos penitentes de Xiquexique são dogmas que não poderão ser por eles abandonados. Hão de cumprir a peculiar liturgia  durante sete anos, lapso de tempo em que as almas do purgatório rogam aos vivos, com maior intensidade, as suas orações. No período mínimo de sete anos, esses piedosos pagadores de promessas devem flagelar-se anualmente na Semana Santa, sobretudo na dolorosa Sexta-Feira.

Se um penitente abandonar a autoflagelação, as almas benditas do Purgatório não hesitarão em aplicar-lhe   as afiadas lâminas da disciplina, após agitar o sangue impuro com galhos da faveleira. O infrator padecerá, então, de pecados tornando-se justificável o seu sofrimento tanto de dor física quanto   de consciência.   

O cumprimento do voto de penitência  é obrigatório a partir da quarta-feira da quaresma até a apoteótica sexta-feira. Somente depois da meia-noite quando ressurgir o sábado, os cânticos de aleluia ensejarão louvores e hosanas neste Vale de Lágrimas.

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