Acaba de ser divulgada uma carta bombástica dos governadores Fernando
Pimentel, de Minas, Rui Costa, da Bahia, Camilo Santana, do Ceará, Ricardo
Coutinho, da Paraíba, Paulo Câmara, de Pernambuco, Wellington Dias, do Piauí, e
Belivaldo Chagas, de Sergipe. Os sete dizem não à política de preços ruinosa
implantada por Pedro Parente, na Petrobras, e consideram inaceitável a
tentativa de Michel Temer de transferir aos estados o caos que ele e Parente
implantaram no País. Leia a íntegra:
CARTA ABERTA DOS GOVERNADORES DOS
ESTADOS INTEGRANTES DA SUDENE
Os Governadores dos Estados do Nordeste e Minas Gerais, que se encontram
sob a jurisdição da SUDENE, abaixo assinados, em face da grave crise de
desabastecimento de combustíveis que tanto vem afligindo os cidadãos brasileiros,
dirigem-se, agora, à população de seus Estados e de todo o Brasil para firmar o
seu posicionamento sobre esse grave tema:
1. Em um momento de tão grandes dificuldades, como o que vem sendo
vivido por todo o povo brasileiro - constantemente sacrificado pelos efeitos
adversos de crise econômica e política sem precedentes - é absolutamente
incompreensível que o Governo Federal autorize a Petrobras a adotar uma
política de preços direcionada, unicamente, à obtenção de lucro e ao acúmulo de
receitas;
2. A política da Petrobras toma por base a premissa de que a empresa
deve precificar seus produtos sempre em patamares superiores aos do mercado
internacional, acompanhando as suas oscilações apenas quando há elevação de
preços, sem jamais repassar aos consumidores brasileiros as suas eventuais
reduções;
3. Essa política de preços foi elevando, de forma assustadora, os preços
de insumos básicos para a população, como o gás de cozinha, a gasolina e o óleo
diesel, cujo custo repercute, diretamente, sobre todos os preços da economia, a
começar por itens de consumo básico, como os alimentos, que exercem forte
impacto sobre o orçamento das famílias mais pobres;
4. Os preços do gás de cozinha e da gasolina têm registrado aumentos de
tal magnitude e com tamanha frequência que, algumas vezes, têm sido anunciados
reajustes a cada 24 horas, numa política que tem levado produtos de primeira
necessidade a ficarem completamente fora do poder de compra dos brasileiros,
chegando-se a ter 11 reajustes em apenas 17 dias;
5. Em decorrência dessa perversa política de preços, é cada vez mais
comum que famílias – mesmo aquelas que vivem nos grandes centros urbanos –
passem a recorrer a fogões de lenha para cozinhar, aumentando, de forma
assustadora, o número de acidentes com queimaduras e, muitas vezes até, com
perdas humanas e materiais;
6. Neste grave momento, quando irrompe um movimento radical que -
justificado pela desenfreada escalada de reajustes - bloqueia os canais de
distribuição de combustíveis e coloca em risco a mobilidade, a saúde, a
segurança e a integridade física de milhões de brasileiros, o Governo Federal
tenta fugir às suas responsabilidades convocando os governos estaduais – já tão
sacrificados pela injusta concentração de recursos na União – a renunciar às
suas receitas do ICMS, supostamente para atender demandas dos representantes
dos transportadores participantes da paralisação;
7. Diante disso, nós - Governadores dos Estados integrantes da SUDENE –
consideramos absolutamente inaceitável a tentativa do Governo Federal de
transferir para os Estados a responsabilidade pela solução de uma crise que foi
provocada pela União, através de uma política de preços de combustíveis
absurda, perversa e irresponsável. Colocar sobre os Estados Federados o ônus de
qualquer redução da alíquota sobre os combustíveis - além de ser desrespeitoso
- é atitude inconsequente e, por isso mesmo, inaceitável.
8. Para agravar ainda mais o contorno da proposta do Governo Federal,
ventila-se a incoerente retirada da CIDE da parcela de recursos destinada à
manutenção das rodovias, que é - por Garantia Constitucional - executada por
Estados e Municípios da Federação.
9. Nós - Governadores dos Estados integrantes da SUDENE - reafirmamos
nossa viva disposição de colaborar com o Governo Federal na concepção de
propostas que permitam a aceleração da nossa da economia e a retomada do
crescimento do Brasil, mediante a geração de emprego e renda e da inclusão de
todos os brasileiros no processo de desenvolvimento da Nação.
10. Ressaltamos, no entanto, que o Governo Federal precisa rever – com
urgência – a política comercial da Petrobras, reposicionando-a com
responsabilidade e espírito público, trabalhando pelo saneamento das finanças
da empresa, mas mantendo – acima de tudo - a consciência de que é completamente
inaceitável aumentar, ainda mais, o enorme contingente de famílias brasileiras
entregues ao desemprego e mergulhadas na miséria e na desesperança.
11. Por fim, destacamos nosso inarredável compromisso com os valores
democráticos, ao tempo em que manifestamos nossa disposição de enfrentar -
energicamente - qualquer tentativa de relativização ou destruição das
conquistas democráticas do povo brasileiro nas ultimas décadas, na certeza de
que a única via para superar os desequilíbrios e conflitos é a consolidação da
democracia, com estrito respeito de suas práticas, princípios e processos.
26 de Maio de 2018
Rui Costa - Governador do Estado da Bahia
Camilo Santana - Governador do Estado do Ceará,
Ricardo Coutinho - Governador do Estado da Paraíba
Paulo Câmara - Governador do Estado de Pernambuco
Wellington Dias - Governador do Estado do Piauí
Belivaldo Chagas - Governador do Estado de Sergipe
Fernando Damata Pimentel - Governador do Estado de Minas Gerais
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