Dados foram apontados pelo Atlas da
Violência 2018.
É noite de sábado, 2 de junho, quando um homem morre durante um tiroteio
com policiais militares na localidade do Alto das Pombas, em Salvador. Segundo
a polícia, ele seria um traficante que reagiu a uma ação no bairro da
Federação, foi baleado, socorrido a uma unidade de saúde, mas não resistiu aos
ferimentos. Em 2016, 457 pessoas morreram na Bahia em situações semelhantes,
segundo levantamento divulgado nesta terça-feira (5) pelo Atlas da Violência
2018.
A pesquisa, conduzida pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
(Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), coloca a Bahia na
terceira posição no ranking de mortes por intervenções policiais, atrás apenas
do Rio de Janeiro, com 925 casos ao longo de 2016, e de São Paulo, com 856. Os
números usados foram fornecidos pelas secretarias de segurança pública dos
estados, embora, no restante do Atlas, sejam utilizados números Datasus, do
Ministério da Saúde.
É que, neste caso, não há informações da saúde sobre todos os estados.
Se mesmo assim, forem considerados os números da saúde, a Bahia aparece em
segundo lugar no ranking, com 364 mortos decorrentes de intervenção policial,
atrás somente do Rio de Janeiro, com 538. No caso de São Paulo, os dados da
saúde computam somente 254 mortes nestas circunstâncias.
A incongruência nos dados é destacada no próprio estudo. Segundo o
instituto, isso acontece porque os dados do Datasus são fornecidos por peritos
e médicos legistas e que esses profissionais nem sempre têm todas as
informações necessárias quando fazem o registro das mortes para indicar a
autoria do homicídio. Por isso, em muitos casos, os crimes são classificados
como morte por agressão.
O estado com a diferença mais gritante na contagem dos números é o Pará,
onde o Datasus registrou três casos e a polícia 282.No ranking da saúde, a
Bahia aparece na segunda posição, mas sete estados não informaram os dados de
2016. Em todo o Brasil, o Datasus registrou 1.374 mortes por intervenções
policiais, enquanto as polícias contabilizam 4.222, uma diferença de 67,5%.
O Atlas da Violência 2018 foi construído com base nos dados de 2016 e
aponta, entre outras coisas, que em dez anos a taxa de homicídios na Bahia
quase dobrou: cresceu 97,8%. O estudo indica que, de 2006 para 2016, o Brasil
sofreu aumento de 23,3% no número de homicídios de jovens (pessoas com idades
entre 15 e 29 anos), sendo que no último ano analisado pela pesquisa 33.590
jovens foram assassinados, 94,6% deles eram homens.
Procurada, a Secretaria de Segurança Pública da Bahia informou, em
nota, que as mortes em confronto são acompanhadas pelas corregedorias. "A
Secretaria da Segurança Pública da Bahia ressalta que todo policial brasileiro,
por lei, tem o direito de reagir a ataques de criminosos. Acrescenta que todas
as mortes em confronto são acompanhadas pelas corregedorias", diz a nota.
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