Nas horas que antecederam a queda da monarquia
brasileira, o marechal alagoano Manoel Deodoro da Fonseca estava gravemente
enfermo. Passava o tempo todo na cama. Ao visitá-lo, o advogado Francisco
Glicério, de Campinas, interior de São Paulo, ficou impressionado com seu
aspecto ao vê-lo às voltas com uma crise de dispneia, falta crônica de ar
produzida por arteriosclerose. Atirado sobre o sofá, envolto em um roupão, o
marechal sequer reunia condições para vestir a farda. O peito arfava e ele mal
conseguia falar.
O estado de saúde de Deodoro espalhou o pânico
entre as lideranças republicanas. Temia-se que morresse a qualquer momento. Sem
o marechal, revolução não teria qualquer chance de sucesso. Naquele momento,
era ele o único chefe militar com autoridade suficiente para erguer a espada
contra o Império.
O dia Quinze de Novembro estava amanhecendo quando
Deodoro recebeu a notícia de que, mesmo sem ele, as tropas do exército haviam
se rebelado contra o governo e marchavam do bairro de São Cristóvão para o
centro do Rio de Janeiro. Eram comandadas pelo tenente-coronel João da Silva
Telles, tendo ao lado o tenente coronel e ídolo da mocidade militar Benjamin
Constant Botelho de Magalhães.
Fraco e
cambaleante, Deodoro vestiu a farda, pediu que colocassem o selim de sua
montaria dentro de um saco e tomou uma charrete em companhia do alferes Augusto
Cincinato de Araújo, seu primo, para ir se encontrar com as tropas do exército.
Na Rua Senador Eusébio, altura do Gasômetro, viu as forças sublevadas que
vinham na direção contrária. Como ainda se sentia muito debilitado, continuou
de charrete o restante da jornada.
Ao chegar próximo do Campo de Santana (atual Praça
da República, em frente à estação da Central do Brasil), o marechal pediu para
montar a cavalo, apesar dos protestos dos oficiais, temerosos de que o velho
comandante não tivesse forças para se manter sobre o animal. Por precaução, o
alferes Eduardo Barbosa cedeu-lhe o cavalo baio número 6, considerado o menos
fogoso na tropa do Primeiro Regimento de Cavalaria. E foi com esse cavalo que
Deodoro depôs o imperador Pedro II.
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