O até agora
secretário-geral da Presidência, cuja demissão foi confirmada dezenas de vezes
pelo Planalto desde a última sexta-feira (15) mas não foi oficializada até o
começo da tarde desta segunda-feira, executa, com o núcleo bolsonarista do
governo uma espécie de balé macabro. Ameaças, ofensas, recuos, marchas e
contramarchas.
O ponto culminante deste balé, até o momento, é a revelação de
que ele está sofrendo ameaças de morte do bolsonarismo mais radical. Ele
aparentou no domingo recuar em suas afirmações, atemorizado, mas voltou ao
ataque no começo desta segunda-feira, confrontando as ameaças. Toda a trama
indica que a melhor proteção para a vida de Bebianno, no cenário de um governo
de perfil cada vez mais neofascista é contar tudo o que sabe. Fará
isso?
Bebianno já disse
que Bolsonaro é louco, que Carlos Bolsonaro é incontrolável e que o cenário dos
Bolsonaros é "assustador", que iria sair atirando,. Primeiro disse
que "não sou moleque, e o presidente sabe e está com medo de receber
algum respingo", chegando ao ponto de afirmar que "se eu cair,
Bolsonaro cai junto", que devia pedir desculpas ao país por ter ajudado a
eleger Bolsonaro.
Estas Foram algumas de suas respostas aos ataques de Carlos
Bolsonaro a ele depois da revelação do laranjal que floresce no PSL, partido
que Bebianno presidiu até ser guindado ao governo.
Para surpresa do
(ainda) secretário-geral da Presidência, Bolsonaro apoiou o filho, em vez dele,
seu aliado político. A decepção e a mágoa de Bebianno foram enormes. E ele
recorreu a uma imagem que combina com um regime que tem fixação em armas, para
responder ao apoio de Bolsonaro aos ataques de Carlos, o 02: "Não se dá um
tiro na nuca do seu próprio soldado. É preciso ter um mínimo de consideração
com quem esteve ao lado dele o tempo todo".
O contra-ataque de
Bebianno não ficou sem resposta. E ela veio com a truculência típica do
neofascismo bolsonarista, embalado pela retórica de ódio e guerra que marca.
Iniciou-se uma campanha de desmoralização e ameaças contra o ex-queridinho de
Bolsonaro que em nada ficou a dever aos ataques bolsonaristas ao PT. A partir
da última sexta-feira (15), começou a circular nos grupos de WhatsApp e nas
redes sociais um áudio intitulado "O Verdadeiro Bebianno". Dá para
imaginar o conteúdo.
Finalmente, nesta segunda-feira, a revelação de que se chegou aonde todos
sabiam que chegaria: ameaças de morte. A revelação foi feita no final da manhã
pela colunista Mônica Bérgamo (aqui) e a reação de
Bebianno no domingo, ao afirmar que jamais acusara Bolsonaro de
"louco" soou como recuo de alguém intimidado. No entanto, no começo
da tarde, ele afrontou as ameaças, disse que as devolverá "em
triplo", e que "Não tenho medo de briga" (aqui).
Toda a trama-dança
entre Bebianno e os Bolsonaros tem um tom de novela mexicana, farsesco, meio
bufão. Mas na escalada que as coisas vão e a julgar pelos antecedentes em
regimes similares ao novo regime brasileiro, a melhor defesa do quase
ex-ministro à sua vida talvez seja mesmo contar o que sabe de uma vez.
Brasil 247
0 comentários:
Postar um comentário
Os comentários serão de responsabilidade dos autores. podendo responder peço conteúdo postado!