Em 13 maio de 1888 a “bondosa” Princesa Isabel sancionou a Lei Imperial 3.353: Lei Áurea. Nome de batismo que vem do Latim Aurum, que significa “feito de ouro”, brilhante, de muito valor. Fomos o último país do continente americano a tomar essa decisão. Até hoje pagamos o preço dessa falta de vanguardismo. Nesses pouco mais de cem anos do fim legal da prática da escravidão, o que podemos constatar é que somos um pais racista. E o que mais comprova essa afirmação é o mito de que vivemos numa democracia racial. Democracia essa, defendida pelo sociólogo Gilberto Freyre na década de 1930 e até hoje difundida e defendida pelas elites e pelo próprio povo. Não existe democracia racial numa sociedade em que o negro precise ter cotas para poder ingressar numa faculdade pública num dos cursos chamados “de elite”: medicina, direito e engenharia. E porque precisam de cotas? O Brasil tem uma população auto declarada negra de 46%, dos quais 5,6% são pretos e 40,4%, pardos (IBGE). O diploma universitário é privilégio de 6,8% da população com mais de 25 anos; desses, 82,8% são brancos, 14,3% são negros (12,2% pardos, 2,1% pretos), 2,9%, outros (F. Escóssia, 03/12/2003). O rendimento médio mensal da população negra ocupada é 50% menor que o salário médio da população branca, mesmo que os negros possuam em média 1,5 anos de estudo menos do que os brancos (Instituto Ethos, 2003:6; Ballan, 2002:37). (www.scielo.br). A escravidão foi uma das piores pestes que já assolou a nossa humanidade. Fomos capazes de tratar um ser humano como se objeto fosse. A escravidão acabou não porque se tomou consciência do que estava sendo feito era imoral, inumano, mas sim porque os grandes capitais do mundo necessitavam de mais gente para consumir suas mercadorias cada vez produzidas em maior quantidade, impulsionada pela Revolução Industrial. Os negros não ganharam um lugar na sociedade com o fim da escravidão. Foram, simplesmente, jogados num meio em que não estavam acostumados a viver. Deixaram a insignificante condição de escravos para serem mendigos. Não só mendigos por comida, mas por espaço, aceitação, por visibilidade. Deixaram, legalmente, de serem objetos e passaram a ser “escravos ilegais”, pois eram contratados ao mesmo preço, ou ainda pior, de antes do fim da escravidão. A igualdade, que tanto se propaga no Brasil, está sendo adquirida a passos muito lentos. Será necessário ainda muitos e muitos anos para que a nossa sociedade afaste esse ranço que é o racismo. Ao fazer e ouvir piadas sobre negros, ao olhar com desconfiança quando estamos passando numa rua mais deserta e escura e nos deparamos com um negro, demonstramos que ainda falta muito para que a igualdade seja realmente efetivada entre todos. Essas atitudes, muitas vezes, são tomadas inconscientemente. A ideia de que o negro é inferior está encrustada na nossa sociedade. Aprendemos em casa, primeiramente, na escola, no emprego, na vida. A branca é sempre a mocinha das estórias da ficção, enquanto que a negra é a empregada doméstica. O homem branco anda em seu belo alazão e o negro é o encarregado de cuidar do animal. É difícil tentar igualar a todos numa sociedade tão desigual. Como disse, a passos lentos, e com muita luta, é que, um dia, poderemos estar comemorando alguma coisa no dia 13 de maio. Por enquanto, a abolição ainda está longe de ser concretizada.
Neto Cunha
Neto Cunha
8 comentários:
Professor Neto,
14/5/11 09:35Môço,isso cai na prova de História?
E ainda tem gente que é contra às cotas!
14/5/11 14:09Cotas provam que as pessoas que entram em faculdades publicas são incapacitadas e como tudo que vem facil vai facil, boa parte delas abandona queimando assim as vagas que poderiam ser ocupadas por pessoas que tem interesse e batalham, sou contra as cotas em todos os aspectos as pessoas deveriam ter direitos IGUAIS isso sim.
14/5/11 20:42Os pretos, pardos, indios e não brancos são incapacitados?
14/5/11 20:45Não dotados de inteligência como todos?
As cotas só discriminam estas pessoas, pois as colocam abaixo dos demais.
A cota deveria ser para quem só teve acesso a escola pública, pois estas assim tem pouco a oferecer.
Quem descriminam os negros somos nós brancos e não as contas. Perguntem ao negro se se sentem discriminados por entrar na faculdade por cotas. É claro que não!
14/5/11 23:35POR MAIS DE 400 ANOS, ENQUANTO O BRANCO ERA OS SENHORES E UNICOS QUE TERIAM DIREITO À EDUCAÇÃO!! O NEGRO TAVA NA SENZALA!! OU MENDIGANDO PELAS RUAS, PÓS "LIBERTAÇÃO DOS ESCRAVOS".
15/5/11 10:35TEM POUCOS NEGROS EM BOAS PROFISSÕES E NAS UNIVERSIDADES APENAS POR FALTA DE OPORTUNIDADES!! E NÃO É POR FALTA DE INTELIGENCIA OU POR INCAPACIDADE QUE O NEGRO MERECE COTA!! PELO CONTRARIO!!! EM TUDO QUE A RAÇA NEGRA TEM OPORTUNIDADE DE FAZER FAZ MUITO BEM POR SINAL!! AS COTAS É SIM POR UMA QUESTÃO DE JUSTIÇA, O POVO NEGRO MERECE PELO MENOS 400 ANOS DE COTAS. PARA COMPENSAR OS 400 ANOS QUE NÃO TIVERAM OPORTUNIDADES DE CRESCER!! E NÃO TIVERAM EDUCAÇÃO NESSE PERIODO.
PARA OS QUE SÃO CONTRAS AS COTAS!! "OPORTUNIDADES PARA A RAÇA NEGRA"
DEIXEM OS BRANCO PELO MENOS 200 ANOS SE DIREITO AS OPORTUNIDADES!! AI OS BRANCOS COM CERTEZA SERÃO A FAVOR DE COTAS PARA COMPENSAR OS DOIS SECULOS DE ATRAZO!! VALE LEMBRAR QUE SUGERIR APENAS METADE DO TEMPO QUE O NEGRO SOFREU!!
DAQUI 20 ANOS VEREMOS O EFEITOS DAS COTAS!! ONDE COM CERTEZA NÃO SERÁ APENAS 2% O NUMERO DE NEGROS NAS UNIVERSIDADES.
15/5/11 10:47GRAÇAS AS COTAS "OPORTUNIDADES QUE OS NEGROS NÃO TIVERAM POR SECULOS" O NUMERO DE NEGROS NAS UNIVERSIDADES VAI SUPERIOR A 20%!!! ISSO COM APENAS 1% DE CRESCIMENO AO ANO!!
E COM A CAPACIDADE DE SUPERAÇÃO QUE A RAÇA NEGRA TEM MOSTRADO AO LONGO DA HISTÓRIA, DENTRO DE 50 ANOS, NÃO HAVERAR MAIS NECESSIDADES DE COTAS PARA EQUILIBRAR AS OPORTINIDADES ENTRE BRANCOS E NEGROS.
Tem gente que tem um pensamento totalmente averso a realidade!!
15/5/11 10:55Dizer que as cotas colocam os negros abaixo do outro!!!
As cotas colocam os negros acima!! pois da chance os negros de crescerem na vida através da educação!! coisa que por seculos excluiam os negros. parabens ao criador das cotas!! logos veremos negros e brancos em igualdade!! nas universidades e nas profissões.
Vale lembrar que as cotas hoje nas maioria das universidades é para negros e aluno de escola pública.
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