XIQUEXIQUE: MINHA VELHA E ALTANEIRA “CARAVAN”

Não costumo usar o BZ ou A VOZ, para falar de assuntos pessoais. Também não gosto de escrever usando o verbo na primeira pessoa, evitando conotações pessoais. Acontece que, às vezes, há ocasiões em que tais práticas devem ser abandonadas. Esta é uma delas.

Na sessão legislativa de 11/11/11, fui "brindado" com 17 preciosos minutos, onde o presidente da Câmara discorreu sobre a minha pessoa, meu pai Custódio B. Moraes, e até a minha velha “CARAVAN”. Ao longo desta semana pretendo dar-lhe as devidas respostas, e começo exatamente por aqui.

Nada tenho contra carros novos, de luxo, com ar condicionado, som e demais aparatos, até porque já os tive durante muitos anos. Tê-los-ei tão logo me seja possível. Tudo aquilo que o dinheiro pode comprar é muito bom, especialmente quando é dinheiro honesto, limpo. Nada contra, tudo a favor.

Acontece que acredito que se deve viver dentro daquilo que se pode. E para mim, viver com dignidade, com altivez, sem depender dos outros, é uma decisão consciente que tomei na minha vida, que me levou a atravessar e saltar as tentações que o rico mundo dos negócios colocou diversas vezes diante da mim.

Muita gente sabe, e os que não sabem agora ficarão sabendo, que durante muitos anos (27) de minha atividade profissional, trabalhei no setor petroquímico, onde o dinheiro grosso rola a valer. No universo do setor privado, paga-se muito bem, mas cobra-se eficiência, criatividade, lucros, honestidade, e ninguém, fica tanto tempo como eu fiquei, se não for capaz dessas performances.

Como funcionário graduado e de confiança, negociei (compras e vendas) alguma coisa entre 100 e 150 milhões de dólares por ano. Se multiplicarmos isso pelos muitos anos de atividade, chegaremos facilmente à casa dos 5-6 bilhões de dólares negociados.

Quem compra ou vende, sabe que “escamotear” 2 ou 3% do valor de um negócio, é uma coisa facílima de fazer, e dificílima de ser detectada. Hoje o pessoal, especialmente no setor público, “escamoteia ou rouba” entre 10 a 30%, e ainda assim é difícil de se comprovar. Seguindo esta conta e raciocínio, se desonesto tivesse sido, teria uma conta numerada, em algum paraíso fiscal (conheço vários deles) com mais de uma dezena de milhões de dólares. Não tenho, mas tenho uma velha “CARAVAN”.

Devo dizer, especialmente aos mais jovens, que não sou nem mais e nem menos feliz por poder ter apenas uma velha “CARAVAN”. A minha velha “CARAVAN”, representa a minha honestidade, minha dignidade, minha linha de conduta compatível com a confiança que em mim depositaram, a qual nunca traí e nem me arrependi.

Quando vim morar em Xiquexique, poderia ter me aproximado do poder, e ter tirado proveito material disso. Não me faltam inteligência, conhecimento, capacidade e sagacidade para isso: falta-me estômago. Não quero ser sabujo ou servil a ninguém. Nunca o fiz e nunca o farei.

A opção política em que hoje me coloco, foi tomada conscientemente. Nada contra o poder, apenas não quero e nem vou pagar o preço que alguns pagam: a desonestidade, a sabujice, a bajulação, a submissão.

Um dos símbolos da minha integridade e dignidade, e eu nunca havia me dado conta disso,....

MINHA VELHA E ALTANEIRA “CARAVAN”