Pesquisar no blog!




A opinião pública é uma ficção

3/28/2012

A mídia se arvora deter o título de Quarto Poder, que diz ser calcado no monopólio do acesso à opinião pública, erigida a fator de legitimação da política atual, como elemento democrático e de participação popular, sempre a desafiar a  Constituição  intitulando-se equiparada às instituições fundamentais do Estado.  Na verdade, não tem consistência porquanto está alicerçada no  baixo nível educacional da população. Povo desconhecedor da filosofia e da ética, não consegue perceber a manipulação que sofre por parte de empresas que se utilizam das pesquisas de opinião na tentativa de legitimar seus interesses camuflados. 

Em seu estado atual, a pesquisa de opinião é um instrumento de ação política.  Sua função mais importante consiste em impor a ilusão de que existe uma opinião pública, que vem a ser o somatório das opiniões individuais. A opinião pública  manifesta-se nas primeiras páginas dos jornais sob a forma de percentagens e, assim, é um  artefato dissimulador.

Evidencia-se, então, que a mídia tenta incutir na sociedade uma idéia falaciosa de democracia, segundo a qual todos podem ter uma opinião, e que todas as opiniões têm valor como se a população fosse esclarecida quanto ao que é democracia, e que existisse uma popularização desses conceitos, seus pressupostos e exigências. político sem estabelecer nenhum critério. Os cidadãos “medianos” são pessoas que têm condições materiais mínimas como renda, educação etc. que lhes permitem uma vida relativamente estável, de modo que podem avaliar as informações sobre a situação da comunidade e do Estado e com base na análise delas formular uma opinião válida. 
Na verdade a mídia releva está premissa e supervaloriza o método de medição, através da metodologia estatística, na tentativa de encobrir a realidade. Na verdade o resultado das pesquisas, em especial para fins políticos, é muitas vezes predeterminado (quando não grosseiramente manipulado) pela redação das perguntas dos questionários, obtendo-se o resultado que interessa a quem encomendou a pesquisa. Tais pesquisas tentam reforçar a idéia da existência de uma “opinião pública”, opinião mediana, que na verdade não existe, mas permite engrossar as manchetes de jornais e as chamadas de rádio e TV. 

Ora, não há a possibilidade de se trabalhar pressupondo a existência desta opinião “mediana”. Os indicadores amplamente conhecidos de desemprego e de violência atuais demonstram o frágil equilíbrio de nossa sociedade e os resultados da avaliação do MEC indicam nossa baixa escolaridade. Sendo assim, que opinião válida podem fornecer as pessoas consultadas sobre a atividade política, por exemplo, ou a atividade em torno do Estado? Em pesquisa, porém, as pessoas perguntadas responderão. Essa resposta será válida, como quer a mídia? 

O que se faz necessário ter em mente é que a mídia e sua “opinião pública” não dispõem constitucionalmente de qualquer Poder, não tendo absolutamente um peso real sobre o Estado democrático. O que é importante realçar é que não podemos deslocar para a mídia as discussões e decisões políticas, pois não é essa sua especialidade. Apesar da mídia ter um pólo dito “cultural”, ela possui também um pólo “comercial” que na verdade é muito mais importante que o primeiro (este sempre se curva a suas exigências, dada a natureza comercial da atividade). Daí a preocupação da mídia em “nivelar por baixo” os textos que serão divulgados na imprensa (simplificando, agregando, encurtando mensagens). 

Aqui no Brasil, em razão dos sérios problemas sociais, é completamente inadequado o “nivelamento por baixo” da discussão política levada pela mídia. A autonomia do campo político deveria ser mantida a salvo de ingerências descompromissadas com o interesse público (o bem comum). Não se quer sonegar informações, mas evitar que o interesse de empresas comerciais que visam unicamente o ganho financeiro se introduzam ou ditem a pauta e o nível das discussões internas relacionadas à condução do poder público.

nilsonazevedo@globo.com
Fonte: Cadernos de Sociologia

4 comentários:

Anônimo disse...

É verdade . A opinião pública é uma ficção. Não existe.

28/3/12 10:41
Anônimo disse...

Como não existe se vc mesmo está dando a sua opinião?
Espero que a enqute seja verdadeira, sem trambiques tanto a favor de um lado como do outro.

28/3/12 10:51
o primeiro anonimo disse...

o anônimo aí de cima parece que não sabe onterpretar um texto.
Lei a matéria e veja que não tem nada a ver com o que vc está dizendo.
Torno dizer: A opinião pública não existe.

28/3/12 11:34
Anônimo disse...

O cara não sabe a diferença entre uma simples opinião e a minuciosa avaliação da realidade.
Quem colocou mostrou em letras maiúsculas mas não adiantou.
Cego é o que não quer ver.
Eta desespero.
E adeus Mariana que já vou embora.

28/3/12 15:19

Postar um comentário

Os comentários serão de responsabilidade dos autores. podendo responder peço conteúdo postado!