Em seu estado atual, a pesquisa de opinião é um instrumento de ação política. Sua função mais importante consiste em impor a ilusão de que existe uma opinião pública, que vem a ser o somatório das opiniões individuais. A opinião pública manifesta-se nas primeiras páginas dos jornais sob a forma de percentagens e, assim, é um artefato dissimulador.
Evidencia-se, então, que a mídia tenta incutir na sociedade uma idéia falaciosa de democracia, segundo a qual todos podem ter uma opinião, e que todas as opiniões têm valor como se a população fosse esclarecida quanto ao que é democracia, e que existisse uma popularização desses conceitos, seus pressupostos e exigências. político sem estabelecer nenhum critério. Os cidadãos “medianos” são pessoas que têm condições materiais mínimas como renda, educação etc. que lhes permitem uma vida relativamente estável, de modo que podem avaliar as informações sobre a situação da comunidade e do Estado e com base na análise delas formular uma opinião válida.
Na verdade a mídia releva está premissa e supervaloriza o método de medição, através da metodologia estatística, na tentativa de encobrir a realidade. Na verdade o resultado das pesquisas, em especial para fins políticos, é muitas vezes predeterminado (quando não grosseiramente manipulado) pela redação das perguntas dos questionários, obtendo-se o resultado que interessa a quem encomendou a pesquisa. Tais pesquisas tentam reforçar a idéia da existência de uma “opinião pública”, opinião mediana, que na verdade não existe, mas permite engrossar as manchetes de jornais e as chamadas de rádio e TV.
Ora, não há a possibilidade de se trabalhar pressupondo a existência desta opinião “mediana”. Os indicadores amplamente conhecidos de desemprego e de violência atuais demonstram o frágil equilíbrio de nossa sociedade e os resultados da avaliação do MEC indicam nossa baixa escolaridade. Sendo assim, que opinião válida podem fornecer as pessoas consultadas sobre a atividade política, por exemplo, ou a atividade em torno do Estado? Em pesquisa, porém, as pessoas perguntadas responderão. Essa resposta será válida, como quer a mídia?

Aqui no Brasil, em razão dos sérios problemas sociais, é completamente inadequado o “nivelamento por baixo” da discussão política levada pela mídia. A autonomia do campo político deveria ser mantida a salvo de ingerências descompromissadas com o interesse público (o bem comum). Não se quer sonegar informações, mas evitar que o interesse de empresas comerciais que visam unicamente o ganho financeiro se introduzam ou ditem a pauta e o nível das discussões internas relacionadas à condução do poder público.
nilsonazevedo@globo.com
Fonte: Cadernos de Sociologia
4 comentários:
É verdade . A opinião pública é uma ficção. Não existe.
28/3/12 10:41Como não existe se vc mesmo está dando a sua opinião?
28/3/12 10:51Espero que a enqute seja verdadeira, sem trambiques tanto a favor de um lado como do outro.
o anônimo aí de cima parece que não sabe onterpretar um texto.
28/3/12 11:34Lei a matéria e veja que não tem nada a ver com o que vc está dizendo.
Torno dizer: A opinião pública não existe.
O cara não sabe a diferença entre uma simples opinião e a minuciosa avaliação da realidade.
28/3/12 15:19Quem colocou mostrou em letras maiúsculas mas não adiantou.
Cego é o que não quer ver.
Eta desespero.
E adeus Mariana que já vou embora.
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