As relações entre parentesco e poder político são um traço estrutural da política brasileira. Por conseguinte, esse espúrio processo político familiar que vem sendo explorado por alguns políticos de fazer seus parentes mais próximos seus herdeiros políticos, faz-nos lembrar do período das Capitanias Hereditárias aqui no Brasil. Os donatários passavam para os filhos e outros descendentes todas terras doadas pelo rei D. João III, de Portugal, inclusive, os poderes jurídicos e administrativos que exerciam em nome dele. É comum irmãos, filhos, netos, sobrinhos, primos, esposas e amantes empunharem a bandeira do parente político, principalmente, daqueles que estão no exercício do poder.
É claro que como cidadão, qualificado eleitoralmente para o exercício do cargo público que postula, não existe impedimento legal. Entretanto, somos de opinião, no âmbito do pensamento meramente intelectual, de que esse uso, costume e prática deveriam ser proibidos e abolidos,notadamente, para aqueles cujos parentes estão no exercício de um cargo no executivo - prefeito, governador, presidente - ou mesmo de cargo no legislativo a exemplo de senador , deputado federal e estadual.
Além da amoralidade do uso da máquina pública na campanha, muitos herdeiros políticos são despreparados. Alguns, inclusive, tem ojeriza ao povo, mas fingem amar o eleitorado em época de campanha. Outros entram mudos e permanecem calados. Os políticos profissionais, que sempre nos prometem mudanças, são os que constituem as grandes redes tendentes ao nepotismo encoberto. A Bahia há muitos anos parece viver num rodízio com os mesmos sobrenomes se revezando no poder, numa espécie de dinastia política. A cada dia aumenta o número de ingressos de parentes de políticos e os tentáculos do poder vão além das eleições quando, na hipótese, se agregam riquezas e mandonismo derivando rotineiramente na popular expressão baiana: "todos querem o trono de rei da cocada preta".
A existência dessa formação de grupos políticos ligados por relações de parentesco, mostra que ainda ficaram resquicíos de um Brasil do século XX, com o poder político concentrado nas mãos de poucas famílias.Assim, essas famílias se utilizam de uma estrutura de poder que já possuem para eleger outros membros do grupo, diminuindo as chances de outras pessoas, que não fazem parte de seu núcleo familiar, se eleger. Essa forma de fazer política acaba por inibir o próprio processo político e o desenvolvimento democrático de uma sociedade.
Além do mais compromete a fiscalização e a independência entre os poderes, uma vez que acabamos por ter as mesmas famílias em diferentes cargos eletivos, sendo prejudicial ao exercício da democracia, porquanto essas forças são medidas através do “poder de fogo” que os grupos associados possuem, seja pela situação econômica, pelo status social, por meio da violência e da coerção ou até mesmo da perseguição, levando em muitos casos até a um desfecho imprevisível na estrutura hierárquica do espaço político-social, notadamente quando se destaca a desigualdade que vem a servir de escudo e paradigma na relação mando-obediência existente em muitos municípios brasileiros..
Como se vê, os portugueses sabiam das coisas quando no século XVI organizou o Brasil em capitanias hereditárias. Pois sim.
Lembre-se: Seu voto não tem preço, tem consequência.
Como se vê, os portugueses sabiam das coisas quando no século XVI organizou o Brasil em capitanias hereditárias. Pois sim.
Lembre-se: Seu voto não tem preço, tem consequência.
3 comentários:
O pior que é mesmo.
29/8/12 11:51Aqui em XiqueXique e na Tiririca de Itaguaçú todo mundo é parente e todo mundo é político. kkkkkkkkkk
em quem cai a carapuça deste texto?
31/8/12 13:55Cai a carapuça na famiglia do REI.
31/8/12 15:12Postar um comentário
Os comentários serão de responsabilidade dos autores. podendo responder peço conteúdo postado!