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A verdade nua e crua sobre a mentira

1/19/2014


Minha avó costumava dizer: "Mentira tem pernas curtas." Esta sentença envolvia um certo sentido filosófico. Era como se o mentiroso fosse fácil de ser apanhado e, claro, ao sê-lo se cobriria de vergonha, de desonra. Isso naqueles tempos. Tempos em que os vocábulos honra, ética, dignidade, decoro, honestidade não eram vulgarizados em rotineiras notícias na imprensa.

Quem possuía aquelas virtudes as preservava, não precisava ficar a apregoá-las ou esforçar-se para parecer que as tinha. Mas, os tempos mudaram muito. Aliás, em alguns aspectos do relacionamento humano, parece que voltamos ao tempo da barbárie. 

Mas, vamos nos ater ao tema da mentira. Hoje, mais do que nunca, ela ganhou status, desfila nos mais refinados ambientes, em palanques e gabinetes do poder, em todos os níveis e com a maior notoriedade. A mentira já nem liga se tem pernas curtas. Ela está tão desavergonhada, tão impúdica, que, mesmo identificada, não se importa de sustentar um sorriso irônico e escarnecedor, troçando de seus desafetos. 
Faz promessas ou juras que não pretende cumprir e até se traveste de verdade, audaciosa e descaradamente. Claro que ela se apóia na impunidade, muitas vezes. Hoje dir-se-ia que há dentro do país uma verdadeira nação da mentira. Ela criou realmente um poder paralelo, assim como está acontecendo, infelizmente, com a violência.

A força de persuasão de certas mentiras acaba por elidir qualquer possibilidade de a extirparem. Hoje em dia, é tal o seu poder de convicção, que alguns indivíduos se elegem em face da enganação, da mentira. Mentir e mentir sempre, até as penúltimas consequências. 

A mentira tem ainda um lado mais cruel. É quando ela se alia à  infâmia, à calúnia e à difamação. Quando se imputa a alguém, sem provas, um fato definido, seja como crime, seja como uma ação imoral, ou ilegal etc. Nestas circunstâncias a mentira é ainda mais desleal e traiçoeira. Algumas vezes se vale da confiança alheia para disseminar intriga ou ódio contra alguém ou alguns.

Relembrando minha avó, ela também costumava dizer que às vezes a cobra morre pelo próprio veneno. Contudo, digo eu, nem sempre isto acontece, pois a mentira, quando muito arraigada, costuma resistir e ressurgir sempre, pelo hábito. A sua peçonha  a realimenta.

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