As manifestações e protestos iniciados em junho do ano passado trouxeram o emprego em massa de um vocábulo conhecido por descrever um salgadinho, um tira-gosto popular: a coxinha. Mas a palavra adquiriu novo sentido, novo significado. Coxinha pode ser um adjetivo ou substantivo e, a depender da situação, refere-se a alguém meio tolo, conservador, alienado e, creiam, golpista.
Na gíria paulistana significa gente engomada, certinha, que faz parte de uma classe média que se auto-intitula elitizada e urbana.
Sociologicamente falando é um grupo social específico que sente necessidade de diferenciação em relação ao restante que compõe a sociedade trabalhadora, porquanto os coxinhas tem com forte priorização da sua vida, do seu cotidiano, como elemento de “não-mistura”, além da necessidade de parecer engraçado, ser bom moço e sempre "tirando onda".
Até algum tempo atrás, eles não sentiam necessidade de ser diferentes, porque as diferenças se davam, naturalmente, com a absurda desigualdade social então existente, principalmente nas grandes metrópoles brasileiras.
Hoje, com cada vez mais gente do povo ganhando melhor e consumindo mais, os coxinhas estão a buscar outras formas de afirmar a sua diferenciação. Para isso, muitas vezes andam engomados, se vestem de uma maneira específica, são politicamente corretos, dentro de sua noção deturpada de política, e nutrem uma arrogância quase intragável.
Mas, paradoxamente, o coxinha é um símbolo do amadurecimento da nossa sociedade que se tornou mais complexa, com o advento de melhor poder aquisitivo da população.
dos coxinhas.
O individualismo, a falsa erudição, a moda de bens de marca, o consumo ostensivo, o antipetismo, fazem parte do universo
Todavia, os coxinhas lá no fundo sabem que não passam de pedantes e reacionários, porque disso são sempre alertados.
Fonte: Imprensa Livre
0 comentários:
Postar um comentário
Os comentários serão de responsabilidade dos autores. podendo responder peço conteúdo postado!