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EU VI O NÊGO D'ÁGUA

1/28/2015

 
Parece história de pescador,  mas afirmo de viva voz que já vi aquele caboclo de cabeça grande e olho no meio da testa.

Estava eu navegando pelo canal do Guaxinim, indo para o Icatú, quando  o "nego d'água"  emergiu das águas e apareceu  ao lado do nosso barco, querendo cachaça e fumo. Por sorte levava comigo os objetos do desejo do compadre.

Para quem não sabe, informo que o dito cujo habita bem no meio do rio, precisamente nos locais onde existem rochedos e perto das c'roas. O tal sujeito gosta de fazer locas cavando os barrancos, provocando o deslizamento das terras. Para afugentá-lo ou amedrontá-lo, nós beiradeiros colocamos armadilhas  de pregos e vidros nos lameiros. Apesar de viver também fora d'água ele nunca se afasta muito da beira do rio durante as suas andanças. Quando não gosta de um pescador, afugenta os peixes, tange-os para longe da rede de pesca.  Adora mascar e pitar fumo. Conhecedores desse vício, os pescadores atiram o fumo na água para angariar a simpatia e as graças do caboclo d'água que gosta do agrado.

Ele costuma aparecer nas casas de farinha das ilhas em noite de farinhada, comumente depois que os trabalhadores se acomodam para dormir, quando ele passeia entre os que estão adormecidos para roubar-lhes fumo e beijú.

Um pescador contou-me que pescava à noite quando percebeu um vulto de um animal morto boiando na correnteza. Remou apressadamente em direção ao animal, observando, ao se aproximar, que se tratava de um cavalo. Tentou encostar o paquete para verificar a marca ou ferro, para avisar ao dono, quando o animal afundou e, logo em seguida, a canoa foi sacudida, notando o pescador, nesse ínterim, que um nego d'água agarrado à borda da embarcação tentava virá-la.

Nesse instante lembrou-se o pescador de que trazia consigo um pedaço de fumo. Imediatamente o atirou  para o elemento que, dando cambalhotas, desapareceu no fundo das águas. Alguns dizem que existe apenas um nego d'água em todo o rio São Francisco, outros dizem que são muitos. O fato é que o nego d'água, povoa a imaginação dos meninos  beiradeiros e à noite raros são os que se aproximam do rio.

Quanto ao nego d'água que me apareceu no canal do Guaxinim, confesso que nunca mais o ví, nem quero mais ver essa "livusia" mal assombrada.
 
 


 

2 comentários:

Pessoa disse...

Nilson, salvo engano, sem te ofender porque eu admiro muito vc, tu parece que tá inventando esta história. Môsso, tenha a santa paciência, será que o nêgo dagua que tu diz que viu não é um dos teus companheiros do PT?

13/12/14 14:23
Anônimo disse...

Não sei aonde é que o PT tem a ver com as crônicas do Nilson.

13/12/14 16:05

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