Herdeiro
do espólio político de Jaques Wagner, o novo governador da Bahia, Rui Costa
(PT), considera que recebeu a administração do maior estado da região Nordeste
em situação equilibrada, mas não se furta de admitir dificuldades financeiras à
vista e, assim como praticamente todos os governadores eleitos e reeleitos, já
anuncia arrocho nos gastos públicos e faz perspectivas com metas a serem
alcançadas por todas as 24 secretarias estaduais.
Na área
financeira, o desafio é grande. O Estado da Bahia fechou 2014 com um déficit de
R$ 2 bilhões na Previdência. Com corte de secretarias e de autarquias e
privatização de empresas estatais, como a Ebal (Empresa Baiana de Alimentos),
que administra a rede de supermercados Cesta do Povo, Rui pretende economizar
R$ 200 milhões por ano. Ele diz que resolverá o déficit previdenciário
"com controle das despesas, onde se incluem medidas preventivas como
recadastramentos anuais dos beneficiários, auditorias específicas e na busca de
recursos alternativos para fazer face aos pagamentos dos benefícios".
O petista
diz ainda que fará uma reforma da Previdência que abrangerá todos os servidores
efetivos a partir de sua regulamentação. O novo regime, chamado de Previdência
Complementar, será facultativo e aplicado apenas aos servidores que receberem
acima do teto (R$ 4.390,24) do Regime Geral de Previdência Social.
Mas o novo
governador tem ainda outra área que merece sua dedicação imediata. Pedra no
sapato de Jaques Wagner, os números negativos da segurança pública são pesadelo
para Rui Costa. O índice de homicídios na Bahia saltou de 24,8 por 100 mil
habitantes em 2007 (início do governo Wagner) para 34,4 em 2013. A primeira
medida a ser adotada pelo governador é retirar cerca de 4 mil policiais
militares, segundo ele, de funções administrativas em todo o Estado, e
devolvê-los às ruas. Rui aponta o tráfico de drogas como grande responsável
pelos índices de violência no Estado.
"As
taxas de homicídio apontam para uma guerra civil. Porém, se olharmos o perfil
desses dados, veremos que mais de 80% dos homicídios está vinculado ao tráfico
de drogas. As outras motivações são muito pulverizadas", disse o
governador em entrevista ao jornal Valor Econômico na sexta-feira (9). Ele reconhece
também a "necessidade" de fazer concursos públicos para aumentar o
efetivo de soldados nas ruas.
A educação
também não está em seus melhores níveis na Bahia. O estado aparece com a
segunda pior média do Ensino Médio entre todas as unidades federativas no Índice
de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).
"O
conhecimento é cumulativo. Por isso assumo a responsabilidade,
independentemente de ser minha obrigação ou não, de liderar um pacto pela
educação, onde o Estado vai colocar dinheiro para qualificar professores
municipais e disponibilizar material didático para as prefeituras. Também quero
fazer um trabalho grande de mobilização com viés motivacional", diz Rui.
Outro ponto crucial para o governador da Bahia, assim como para todos os outros, é a saúde. O Estado tem déficit de leitos de UTI como chaga e a regulação ainda não funciona bem.
Outro ponto crucial para o governador da Bahia, assim como para todos os outros, é a saúde. O Estado tem déficit de leitos de UTI como chaga e a regulação ainda não funciona bem.
E para
fechar a conta, restam a Rui ainda os desafios político partidários. Rui Costa
foi eleito, como ele próprio admite, principalmente pela força de Jaques Wagner
e é este exatamente seu desafio: mostrar que seu governo tem identidade
própria, ao contrário do que dizem seus opositores vorazes. As primeiras
críticas aconteceram antes mesmo de ele tomar posse, já no anúncio de seus
secretários. Rui manteve pelo menos um terço dos gestores de Wagner e resgatou
alguns secretários do primeiro mandato de seu antecessor. Ele não admite
explicitamente, mas muitas das indicações se deram por conta dos acordos com os
partidos que compõem sua base.
Mas a
aparência de continuidade do governo Wagner não incomoda Rui. Ele admite que,
do ponto de vista político, sua principal missão é a de manter a força do PT e
de sua base e, sobretudo, barrar o 'fenômeno' ACM Neto (DEM), prefeito mais bem
avaliado do Brasil e ameaça iminente ao PT em 2018.
Romulo Faro
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