Os paulistas, que se vêem as vésperas de um eventual racionamento de
água, como admite, nesta quinta-feira, o presidente da Sabesp, Jerson Kelman,
podem ter um consolo: a crise hídrica também deve atingir os vizinhos mineiros.
A situação dramática do abastecimento de água em Minas Gerais será
apresentada nesta quinta-feira por Sinara Meirelles, que toma posse como
presidente da Copasa, a empresa de abastecimento mineira. Com dados que irão
surpreender muitos brasileiros, uma vez que a Copasa não vinha divulgando os
níveis dos seus reservatórios, ela irá mostrar que a "caixa d'água do
Brasil" (era esse o apelido de Minas) também está secando.
A situação mais crítica é a do sistema Paraopeba, que abastece a Região
Metropolitana de Belo Horizonte, formado pelos reservatórios de Rio Manso,
Vargem das Flores e Serra Azul. Este último, por exemplo, opera com apenas 5%
da sua capacidade.
Redução do consumo e calendário eleitoral
Nesse contexto de crise hídrica, a Copasa deverá lançar um extenso
pacote com estímulos à redução do consumo e também uma frente de investimentos
para combater os vazamentos e o desperdício.
No entanto, o governo de Fernando Pimentel também deve alertar a
sociedade mineira para uma crise que não é sua, mas sim herdada das gestões
anteriores – nos últimos doze anos, o estado foi governado pelos senadores
Aécio Neves e Antonio Anastasia.
Segundo especialistas, o pacote para cortar o consumo e alertar a
sociedade já deveria ter sido adotado no ano passado, mas acabou adiado em
razão do calendário eleitoral, uma vez que Minas foi a principal vitrine do
candidato tucano Aécio na sucessão presidencial.
No ano passado, a Copasa, que não divulga os níveis de seus
reservatórios, informava operar sempre acima de 50% da capacidade em seus
reservatórios. No entanto, o diagnóstico de Sinara irá apontar que, pelo menos
desde setembro do ano passado, o nível da água já era inferior a isso em
praticamente todos eles.
Na nova gestão da Copasa, o
nível da água nos reservatórios será também divulgado diariamente, como faz a
Sabesp. Algumas cidades de Minas, como a histórica Ouro Preto, já passam por um
racionamento. Outras pretendem sair da esfera da Copasa, para criar suas
próprias concessões de água.
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