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AS DORES DO BRASIL

3/19/2015



O tempo é companheiro da esperança perdida em horizontes longínquos, a  remontar à memória de um povo sem história. Povo ordeiro, gente simples esquecida no anonimato de sua função. Povo esse cuja nobreza de caráter traduz um sentimento de repugnância quando lesado em seus direitos sociais. Esse mesmo povo abomina a política, mas é governado pelos que dela vivem; pouco entende do que representa o sistema neoliberal, mas é a principal vítima dos desequilíbrios da economia.

Tolhido em sua dignidade, tenta compreender o processo de condução do país e a genialidade de seus representantes no ato da manipulação e na defesa de seus interesses eleitoreiros.

Assim, diante de um salário inglório, vai esmerilando seu dia-a-dia. São mãos trabalhadoras, que laboram a terra, enfrentam o trânsito caótico das grandes metrópoles, pendurados por sobre os trilhos, enjaulados dentro dos transportes coletivos; mãos vazias de esperança. Essas vidas não cabem nas convenções ou nas assembleias dos conchavos. E assim, da política só conhece promessas vãs, medíocres, covardes. Promessas que comprometem o seu tempo, o seu presente, o seu sonho.


Para reconstruir esse sonho, vai virando a página da história, tentando resgatar a esperança perdida, adquirindo novas maneiras de encarar esse processo vil, do qual é o principal alvo. Felizmente já consegue questionar teorias tidas como verdades absolutas e organiza novas formas de defesa e convivência social. E dentro do seu espaço, reconstruindo sua história, essa gente conseguirá sobreviver aos próximos períodos eleitorais.

Renegará veementemente as maldades camufladas dos reacionários, porque sabe como ninguém, que a guerra pelo poder não tem preço e nessa batalha omite-se a prática de qualquer virtude.



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