As ondas curtíssimas das "rádias" de frequência modulada

Se tecnologicamente o rádio evoluiu, o mesmo não se pode dizer em relação ao seu conteúdo. Quando entregue ao controle de empresas, as rádios acabam prestando reduzidos serviços à população. Ao corrermos o dial em qualquer cidade brasileira temos raras opções de qualidade. 

Ouvimos pregações religiosas, anúncios de medicamentos milagrosos, músicas de gosto duvidoso, noticiários que misturam jornalismo com propaganda política disfarçada, ressalvando-se as exceções de praxe representadas, quase sempre, pelas emissoras públicas.

Nem sempre foi assim. Sem TV, o rádio reinou soberano até um pouco depois da metade do século passado, com as grandes orquestras, os programas musicais e humorísticos, as coberturas esportivas e as notícias em tempo real. As ondas curtas traziam as informações da guerra através de emissoras estrangeiras, as mesmas que durante a ditadura (64-85) eram as únicas fontes de informação confiáveis sobre o que ocorria em nosso país.

Sem dúvida esse poder encolheu mas não desapareceu. Ao contrário, continua forte sem despertar muita atenção. Os chamados comunicadores populares falam para milhares de pessoas todas as manhãs e em especial a partir do meio-dia (o horário nobre do rádio) em várias cidades brasileiras.

 

Em linguagem coloquial decodificam para o seu público os textos estampados nos grandes jornais impressos, geralmente acompanhando e, não raro,  enaltecendo as opiniões invariavelmente conservadoras neles publicadas.

 
Mas a importância do rádio num país como o nosso não fica por aí. Em época de tablets, facebooks e whatsapp, os velhos e bem-vindos recadinhos ainda estão tomando o ar. Os ouvintes solicitam músicas mas também pedem que sejam dadas as necessárias e esperadas notícias sobre a chegada de parentes, indicações de remédios, encomendas, achados e perdidos, "vaquinhas" para os carentes, etecétera e tal. Tais informações,  sem medo de errar, é de utilidade pública e parece coisa do famigerado PT, já me dizia, sem tergiversações, um jovem radialista, meu conhecido.

 Fonte: A Voz