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ANTONIO FREDERICO DE CASTRO ALVES

7/06/2015


Foto de Nilson Machado de Azevedo.

 

OH! EU QUERO viver, beber perfumes
Na flor silvestre, que embalsama os ares;
Ver minh'alma adejar pelo infinito,
Qual branca vela n'amplidão dos mares.

 
Antônio Frederico de Castro Alves, nasceu em 14 de março de 1847, na Fazenda Cabaceiras, no município de Muritiba, recôncavo baiano. Faleceu em 6 de julho de 1871, em Salvador.

Em 1860 estudou no Ginásio Baiano, em Salvador, quando escreveu seus primeiros versos. Em 1862, Castro Alves e seu irmão, José Antônio, foram residir o Recife, matriculados na Faculdade de Direito. Em junho desse mesmo ano, publicou a poesia "A Destruição de Jerusalém", no Jornal do Recife. 

 Aos 15 anos de idade, pretendia ser advogado. Enquanto se preparava para enfrentar as provas para o ingresso na Faculdade de direito, começou a se destacar entre os poetas influenciados pelas ideias liberais e abolicionistas.

Ainda no primeiro ano de direito, abandonou os estudos e voltou para a Bahia, onde permaneceu por algum tempo.
 
Em 1866 retornou ao Recife, depois do falecimento de seu pai, o médico Antônio José Alves.  Sua mãe Clélia Brasília Silva Castro havia falecido anos antes.

Castro Alves matriculou-se no segundo ano de direito e na  época  fundou a Sociedade Abolicionista com Rui Barbosa, Regueira Costa, Plínio de Lima e outros companheiros de faculdade.
 
Sem concluir o curso de direito, Castro Alves, com 20 anos, conheceu Eugênia Câmara, uma atriz portuguesa, e por ela se apaixonou perdidamente. Para Eugênia escreveu o drama histórico Gonzaga ou A Revolução de Minas. Essa peça foi encenada em Salvador, no Teatro São João.
Perdido de amores, o poeta partiu com Eugênia para o Rio de Janeiro e ali, na então Capital do Brasil, conheceu Machado de Assis apresentado que foi por José de Alencar.
Em 1868 matriculou-se no 3ª ano de direito na Faculdade de Direito de São Paulo, no Largo de São Francisco.
 
Nessa época, em razão de muitas brigas provocadas por ciúmes, rompeu seu relacionamento com a atriz Eugênia Câmara e, por esse motivo, entrou em uma grave crise depressiva. Na mesma época ocorreu uma fatalidade: quando participava de uma caçada nos arredores de São Paulo onde hoje é o bairro do Brás, feriu-se no pé com um tiro de espingarda, disparado acidentalmente, A ferida infeccionou e seu pé teve que ser amputado. Logo depois, mais outro acontecimento funesto: Castro Alves foi acometido pela tuberculose, doença muito comum na época. Embora doente, o poeta publicou seu primeiro livro: Espumas flutuantes.
 
Em janeiro de 1871, já enfermo, se apaixonou, de forma agônica, pela bela italiana Agnèse Trinci Murri, professora de piano da alta sociedade soteropolitana. A ela dedicou a poesia A Violeta.
 
Fez sua última declamação pública em 10 de fevereiro de 1871, em benefício de crianças desamparadas. Em junho, agravou-se seu estado de saúde. Estava sempre assistido e amparado por sua irmã Adelaide de Castro.
 
Em 6 de julho de 1871, Castro Alves veio a falecer, aos 24 anos de idade, vítima da tuberculose, sua cama ficava junto a uma janela do palacete da família na Rua do Sodré, em Salvador, banhada pelos raios de sol.
O estilo de Castro Alves é romântico ou condoreiro recheado de metáforas, antíteses e hipérboles, enfatizado nas suas poesias abolicionistas o que lhe valeu os epítetos de Poeta dos Escravos e Poeta Condoreiro.
 
Cobiçado pelas mulheres, por sua beleza, simpatia e inteligência o poeta viveu muitos relacionamentos amorosos, todos avassaladores. Era considerado um "Dom Juan". Também se diferenciava por sua franqueza ao revelar seus sentimentos românticos pela mulher amada, expressos em forma de poemas, a exemplo de Boa-Noite, Adeus de Tereza, Laço de Fita entre outros que estão no seu livro Espumas Flutuantes.
 
Compõem, ainda, a sua obra poética os livros: Cachoeira de Paulo Afonso, Os Escravos e Poesias coligidas. O único livro de prosa é o drama histórico Gonzaga ou A revolução de Minas. Destacam-se os poemas relacionados com a escravidão: Vozes d'África e Navio Negreiro.
 
Morreu aos 24 anos de idade  consagrado como gênio da poesia brasileira de todos os tempos.
 
O poema Vozes da África é o lamento do Continente Africano ao ver seus filhos levados como animais ao mercado de escravos.

Eis um trecho:
 
Deus! Ó Deus! Onde estás que não respondes!
Em que mundo, em qu´estrela tu t'escondes
Embuçado nos céus?
Há dois mil anos Te mandei meu grito,
Que embalde, desde então, corre o infinito...
Onde estás, senhor Deus?

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