O complexo
de vira-latas do Brasil ontem latiu mais alto.
Perguntada
pela repórter da Globo, diante de Barack Obama, sobre como conciliar a posição
do Brasil, que se via como potência mundial, e que era visto pelos EUA como
potência regional, Dilma Rousseff nem pôde começar a falar.
Um
decidido Obama tomou a palavra para dizer à repórter que “não senhora, nós
vemos o Brasil como potência mundial”.
“Bom, eu
na verdade vou responder em parte a questão que você acabou de fazer para a
presidente [Dilma]. Nós vemos o Brasil não como uma potência regional, mas como
uma potência global. Se você pensar (…) no G-20, o Brasil é um voz
importante ali. As negociações que vão acontecer em Paris, sobre as mudanças
climáticas, só podem ter sucesso com o Brasil como líder-chave. Os anúncios
feitos hoje sobre energia renovável são indicativos da liderança do Brasil”
E fez um
longo histórico do papel decisivo que o Brasil desempenha: “o Brasil é um
parceiro indispensável” e uma série de considerações sobre o papel de nosso
país, que você pode ver no vídeo abaixo, em espanhol.
O importante
– e triste – é ver que a mentalidade dominante nos meios de comunicação – e em
todo o pensamento conservador – é que ao nosso país está destinado um papel de
vassalagem, em troca de ser um “gerente regional” destinado, no máximo, a
manter sob controle os “índios” sul-americanos.
E
interpretar como algo danoso a expansão de nossas relações com a África, com a
Ásia e, especificamente, com a China como uma “traquinagem” que desagradaria os
EUA e faria perdermos seus “favores”.
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Repórter Sandra Coutinho da Globo (News) |
É
exatamente o contrário – e a mente destas pessoas não alcança isso.
O Brasil
será tanto mais respeitado, considerado e terá relações mais produtivas com os
Estados Unidos quanto mais se afirmar como um parceiro mundial pelas nossas
próprias pernas.
Um Brasil
que interessa como parceiro à China, aos países africanos, à própria Europa
interessa muito mais aos Estados Unidos que um capacho à espera de suas ordens.
Aliás, o
capachismo aparece bem claramente quando o repórter da Folha vai perguntar a
opinião de Obama sobre a “Lava Jato”. É muito sabujismo, quem sabe atrás de uma
manchete do tipo “Obama exige apuração completa na Petrobras”.
A imprensa
brasileira, cada vez um retrato mais caricato de nossas elites é um prato cheio
para o complexo rodrigueano com que abri este post.
E que, além daquilo, também
sacode alegremente a cauda diante do dono.
Tijolaço
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