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Num despacho onde fez questão de
recordar o papel do Judiciário na "pacificação social e na estabilização
da Justiça," o Procurador Geral da República Rodrigo Janot manda
arquivar um pedido de investigação de Gilmar Mendes contra a campanha da
presidente.
O caso arquivado se refere à
denúncia envolvendo a VTPB Serviços Gráficos e Mídia Exterior Ltda, que prestou
serviços à campanha de Dilma. Em 7 de maio, seis meses e três semanas
depois da vitória de Dilma, Gilmar enviou um comunicado ao PGR, pedindo "providências
pertinentes" para "possíveis indícios de irregularidades".
No despacho, divulgado ontem,
Janot bate de frente: "Não há providencias de talhe civel ou criminal a
adotar a partir da 'notícia de fato' em exame," escreveu.
A partir de notícias veiculadas pela
imprensa, o comunicado de Gilmar Mendes dizia, entre outras coisas, que a
gráfica não funcionava no endereço declarado, nem teria estrutura "para
imprimir o material declarado na campanha". Janot ouviu as partes,
inclusive o ministro da Secom, Edinho Silva, que foi tesoureiro da
campanha. No texto, o PGR expõe cada uma das objeções e também relata as
explicações ouvidas, sem apontar restrições. Sua avaliação, numa frase:
"Os fatos narrados não apresentam consistência suficiente para autorizar,
com justa causa, a adoção das sempre gravosas providências investigativas
criminais."
Mais relevante do que a decisão em
si, ou cada episódio em particular, é a motivação de Rodrigo Janot pelo
arquivamento do caso. Ele lembra, com todas as letras, que as contas de Dilma
Rousseff foram julgadas e aprovadas com ressalvas em dezembro do ano passado,
pelo próprio Gilmar Mendes, e adverte: "não há figura cível do juízo
que permita a esta Procuradoria Geral Eleitoral -- ou a qualquer legitimado para
atual na Justiça Eleitoral -- a reabertura de questões relativas a sua
regularidade". (A exceção, recorda Janot, envolve o artigo 30-A, que
define o prazo de quinze para apresentação de fatos e provas para
"apurar condutas em desacordo com a legislação, "relativas a
arrecadação e gastos de recursos).
No trecho onde se refere à
"pacificação social" como uma das funções "mais importantes do
Poder Judiciário", ele também se refere ao artigo 5º da Constituição
Federal, onde se diz: "a todos, no âmbito judicial e administrativo, são
assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantem a celeridade
de sua tramitação."
É disso que se trata. O despacho de
Janot não encerra as batalhas de Dilma na Justiça Eleitoral, nem no Congresso,
nem no TCU. Mas ajuda a colocar racionalidade e bom senso numa situação de
conflito que ameaça não ter fim.
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