Oposição a Dilma é a mesma de 1954 e 1964, diz Waldir Pires
Waldir Pires foi o último membro do Governo de João Goulart a sair do
Palácio do Planalto, ao lado de Darcy Ribeiro, durante a deflagração do Golpe
Militar de 1964, que instalou no Brasil uma ditadura de mais de 20 anos.
Advogado e professor universitário, Waldir ocupava, na época, o cargo de
consultor-geral da República e viu de perto a que ponto pode chegar a fúria da
oposição brasileira em relação a governos com perfil popular.
Prestes a completar 89 anos, o homem que viveu os principais momentos da
história recente do país ocupa agora uma cadeira na Câmara Municipal de
Salvador (CMS), com a eleição pelo PT em 2012. Acompanha atento o cenário
nacional da política e, como testemunha ocular da história, tem feito
comparações entre a oposição ao governo da presidenta Dilma Rousseff e as
oposições de 1964 e 1954 – esta última é a que tentou derrubar o presidente
Getúlio Vargas.
Em uma entrevista ao jornal A Tarde publicada no último domingo
(23/8), Waldir afirmou que partidos como o PSDB, DEM e setores do PMDB,
principais opositores, encarnam a antiga UDN (União Democrática Nacional),
legenda que se tornou um símbolo da oposição a governos populares. “É uma
repetição da UDN, partido conservador, elitista e antipopulista. Inclusive nos
discursos [mar de lama, corrupção generalizada…]”, afirmou.
E acrescentou: “É uma coisa profundamente udenista, que nunca admitiu
como conflito natural de duas forças, que disputam o poder e têm tais os quais
projetos, tais os quais posições individualizadas. É uma tentativa de extirpar
o poder. O poder não pode ser suprimido, pode ser combatido politicamente, mas
não suprimido”.
As táticas utilizadas contra a presidenta são as mesmas, segundo o
vereador. “É uma busca de, pelo controle e a possibilidade de chegar à imprensa
[detêm grande parte da mídia e dela se utilizam], insistirem em estabelecer um
processo de deposição da presidente da República, eleita pelo voto direto da
população. Se o governo tem esse ou aquele setor negativo, é um combate a ser
feito. Mas não com a promoção da deposição”, continuou.
Apesar de lamentar as tentativas de derrubada do governo, que considera
“nocivas e antidemocráticas”, Waldir Pires acredita que, diferente de 54 e 64,
os setores mais conservadores não conseguirão tirar Dilma do poder. “A democracia
é o debate, quem está no poder pelo voto popular tem que se respeitado”.
Ao finalizar a entrevista, o vereador disse que a postura da oposição,
de pedir o impeachment da presidenta, é nociva e desnecessária ao País e que,
ao mesmo tempo, revela o “não-compromisso que eles nunca tiveram com a história
do País e com a democracia”.
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