Depois de pouco
mais de dois anos de Operação Lava Jato, o governo federal chegou à conclusão
de que o objetivo do juiz Sergio Moro, que conduz a força-tarefa curitibana, é
contribuir para a derrubada da presidente Dilma Rousseff e impedir a eventual
volta do ex-presidente Lula ao poder; a gota d'água foi a etapa batizada como
Acarajé, que levou à prisão o marqueteiro João Santana; nesta quarta-feira, o
ministro Ricardo Berzoini afirmou que a Lava Jato "está comandada por uma
visão midiática e uma tentativa de criar um clima de constrangimento no
país"; a partir de agora, Moro não será mais tratado como um juiz isento
pelo governo federal, mas como o braço jurídico de uma oposição, liderada pelo
senador Aécio Neves, disposta a encontrar atalhos para o poder
Foram necessários
pouco mais de dois anos de Operação Lava Jato para que o governo federal se
convencesse de que o juiz Sergio Moro, que conduz força-tarefa curitibana,
possui uma agenda política, que contempla objetivos como a destruição do
Partido dos Trabalhadores, a derrubada da presidente Dilma Rousseff e a
inviabilização da eventual volta do ex-presidente Lula ao poder.
Essa conclusão foi
tomada pelo núcleo político do governo federal após a mais recente etapa da
Lava Jato, batizada como Acarajé, que levou à prisão o marqueteiro João
Santana, responsável pela campanha da presidente Dilma Rousseff. Isso fará com
que, a partir de agora, ministros do governo federal passem a confrontar
explicitamente as posições do juiz paranaense e de integrantes da força-tarefa.
O primeiro a agir
dessa maneira foi Ricardo Berzoini, ministro da Articulação Política.
Ele afirmou, em entrevista à agência Reuters, que há uma tentativa de se
fazer um "impeachment cautelar" para evitar a candidatura do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2018. Depois de afirmar que
"algumas coisas no Brasil estão sendo tratadas de maneira muito
precipitada", Berzoini foi questionado se essa era uma crítica direta ao
juiz Moro. "Claro que é uma crítica. Eu acho que a lógica desse processo
(operação Lava Jato) está comandada por uma visão midiática e uma tentativa de
criar um clima de constrangimento no país", disse o ministro.
Integrantes do
núcleo político do governo federal se convenceram de que o objetivo da etapa
Acarajé é justamente alimentar as quatro ações movidas no Tribunal Superior
Eleitoral pelo PSDB que pedem a cassação da chapa Dilma-Temer e a diplomação do
senador Aécio Neves (PSDB-MG) como novo presidente da República.
Há também
indignação no governo federal com o fato de nada ter sido feito em relação ao
senador Aécio, no âmbito da Lava Jato. Embora tenha sido citado por vários
delatores, seus casos têm sido arquivados nos tribunais superiores por falta de
provas. O que se diz, no Palácio do Planalto, é que não há provas porque não
houve empenho, por parte da força-tarefa curitibana, em buscá-las. Aécio já foi
citado como responsável por um mensalão em Furnas, durante o governo FHC, e
como o "mais chato" cobrador de propinas da UTC.
A mudança do
governo federal em relação a Moro e sua equipe representa uma inflexão
importante. Até agora, nenhum ministro, em especial José Eduardo Cardozo, da
Justiça, ousava fazer qualquer crítica à Lava Jato. Ao contrário, o que se
dizia era que a Lava Jato era mérito do governo federal, que permitia toda e
qualquer investigação, doa a quem doer.
A partir de agora, no entanto, Moro
passará a ser confrontado por diversos ministros. Talvez, porque a água tenha
batido no pescoço.
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