Os rumos da crise política brasileira estão nas
mãos de nove homens e duas mulheres, ou como define o ex-ministro do Supremo
Tribunal Federal (STF) Carlos Ayres Britto, “onze pares de olhos, onze
experiências, onze altíssimas responsabilidades”. Este momento é de confiança
vigilante no Judiciário.
De todos os ministros que compõem a Corte, Teori
Zavascki é o mais relevante para a Lava Jato. O relator dos processos da maior
operação da história do país tem sob sua tutela o destino de mais de 50 autoridades.
Já a ministra Rosa Weber, de atuação discreta na
Corte, negou na terça-feira um pedido de habeas corpus da defesa do
ex-presidente Lula contra a decisão do Ministro Gilmar Mendes de suspender a posse de Lula na
Casa Civil.
No mesmo dia, o ministro Luiz Fux — que chegou ao
Supremo pouco antes do julgamento do mensalão e votou duramente contra os
condenados pelo esquema — também negou provimento a um mandado de segurança que
questionava a decisão do Ministro Gilmar Mendes de remeter o processo de Lula para o
juiz Sérgio Moro.
Outro ministro do STF que negou pedido da defesa de
Lula nesta semana foi Edson Fachin, também pelo mesmo motivo. Juiz mais novo da
Corte Suprema, Fachin enfrentou pressões públicas e teve de fazer campanha de
gabinete em gabinete para conseguir convencer os senadores de que não assumiria
vaga no Supremo para defender o Governo Dilma.. Na primeira votação importante,
Fachin votou contra a vontade do Governo, ficando entre os vencidos quanto ao
rito de impeachment que atribuiu mais importância do Senado no processo de
impeachment.
A desconfiança com Fachin se assemelha àquela
sentida em relação aos ministros Luis Roberto Barroso e Antonio Dias Toffoli.
Um dos mais novos na Corte, Barroso tem adotado posições progressistas no
Supremo, em particular no seu voto pela liberação da maconha. No rito
do impeachment, abriu a dissidência que resultaria em desfecho celebrado pelos
governistas.
Já Dias
Toffoli se mostrou contra o PT e tem
adotado com muito vigor posições parecidas com as de Gilmar Mendes.
O ministro Gilmar Mendes é anti-petista e vota
contra o governo Dilma. Foi indicado
para o cargo de ministro do STF por Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Pela
vontade de Gilmar Mendes o PT seria banido da política e o ex-presidente Lula
já estaria preso. Mendes é o ídolo dos oposicionistas.
Nos últimos dias, a participação do Supremo
Tribunal Federal no cenário político se intensificou. Ao menos dois dos
seus ministros, Carmem Lúcia e Dias Toffoli, foram instados por órgãos de
imprensa a comentar se "impeachment é golpe". Responderam o óbvio,
sem entrar no mérito do caso de Dilma Rousseff: reafirmaram que o instrumento
está previsto na Constituição. Desde que respeitados os preceitos legais, não é
golpe.
A ministra
Carmen Lúcia foi dura com os petistas durante o julgamento do mensalão, em
particular ao condenar os argumentos de defesa que apresentaram o caixa dois
como um crime menor ou corriqueiro. Nesta semana, foi a que mais falou sobre os
caminhos do processo de impeachment. Em entrevista a uma emissora de televisão,
disse: "O processo de impeachment é previsto na Constituição. Não se
pode falar em golpe se houver observância da Constituição. Agora, é preciso
observar a Constituição para a gente ter garantia de que não há golpe, que, aí
sim, teria de afrontar a Constituição”.
Demais
votos
Já o ministro Marco Aurélio Mello, um dos mais
antigos da Corte — ele foi indicado por Fernando Collor de Mello, seu primo, em
1990 —, tem feito declarações públicas em defesa da estabilidade institucional,
o que, alguns leem, como indiretamente um benefício ao Governo em atividade.
Completam a lista o atual presidente do Supremo,
Ricardo Lewandowski, marcado por setores da opinião pública, assim como
Toffoli, por ser mais suave com os petistas no julgamento do mensalão e por
seus embates com o relator daquele caso, Joaquim Barbosa.
Por último,
o decano Celso de Mello. Membro mais antigo do atual grupo de ministros do STF
(desde 1989), Mello se posicionou publicamente, em nome do STF, sobre o
conteúdo das gravações em que o ex-presidente Lula, num grampo telefônico
autorizado por um juiz do Paraná, disse que a Corte estava acovardada diante do
que chamou de "República de Curitiba". A julgar pelo duro tom
escolhido por Mello para a ocasião, as apostas são de que Lula e o Governo Dilma
não terão vida fácil por ali.
Nas próximas semanas, portanto, todos estarão atentos a todas as falas e
gestos dos 11 brasileiros do Supremo Tribunal Federal.
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