Um grupo composto por 125 cientistas enviou carta aberta à Organização
Mundial de Saúde (OMS) sugerindo que os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro 2016
sejam transferidos ou adiados em por causa do surto do Zika vírus. Eles
argumentam que descobertas recentes sobre o zika tornam "antiética" a
manutenção dos Jogos no Rio, e pedem que a OMS reveja com urgência suas
recomendações sobre o Zika, um vírus relacionado a uma série de problemas no
nascimento, incluindo microcefalia.
Os cientistas dizem ainda que o adiamento ou a transferência dos Jogos
também "diminui outros riscos trazidos por uma turbulência histórica na
economia, governança e na sociedade do Brasil - que não são problemas isolados,
mas que fazem parte de um contexto que tornam o problema do Zika impossível de
resolver com a aproximação dos Jogos".
No início deste mês, contudo, o Comitê Olímpico Internacional disse que
não há motivo para atrasar ou transferir os jogos por causa do vírus. No
Brasil, a explosão da enfermidade transmitida pelo mosquito Aedes aegypti
aconteceu há um ano - hoje mais de 60 países e territórios são afetados pela
doença.
A carta, segundo a BBC, afirma que o Zika está relacionado à
microcefalia (crescimento do crânio abaixo da média) em recém-nascidos e que
pode trazer síndromes neurológicas raras e às vezes fatais a adultos.
O documento é assinado por 125 cientistas, médicos e especialistas em
ética médica de instituições como as universidades de Oxford, no Reino Unido,
Harvard e Yale, ambas nos Estados Unidos.
Na carta, eles citam o "fracasso" no programa de erradicação do mosquito no Brasil e o sistema de saúde "fragilizado" do país como razões para o adiamento ou transferência da Olimpíada, marcada para o próximo mês de agosto.
"Um risco desnecessário é colocado quando 500 mil turistas
estrangeiros de todos os países acompanham os Jogos, potencialmente adquirem o
vírus e voltam para a casa, podendo torna-lo endêmico", diz o texto. O
principal risco seria que atletas contraíssem a doença e voltassem para suas
casas em países pobres que ainda não foram afetados pelo surto da doença.
Ontem (26), o cientista Tom Frieden, chefe da Centro de Controle e
Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, disse que "não há motivos de
saúde pública para o cancelamento ou atraso dos Jogos".
Ele também
pressionou autoridades norte-americanas a agirem mais rapidamente para evitar
que gestantes contraiam o Zika, em meio a um impasse no congresso sobre a
liberação de quase US$ 2 bilhões para financiamento de políticas de saúde.
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