A prisão
de Paulo Bernardo foi um despropósito do princípio ao fim. Prisão preventiva?
Prevenir o que? Um processo iniciado em meados de 2015, sem nenhuma diligência
feita, nenhuma oitiva realizada, mesmo por diversas vezes ter ele solicitado
para depor?
Qual
risco oferecia meu marido à ordem pública? A instrução processual? A aplicação
da lei? Sempre esteve à disposição das autoridades, em endereço conhecido, há
mais de dois anos não ocupa nenhum cargo público, é aposentado pelo Banco do
Brasil, depois de 38 anos de contribuição previdenciária.
Conheço o
Paulo há muitos anos. Sei de suas virtudes e de seus defeitos. Sei
especialmente o que não faria. E não faria uso de dinheiro alheio para
benefício próprio. Não admitiria desvios de recursos públicos para sua
satisfação ou da família. Tenho certeza de que não participou ou se beneficiou
de um esquema como o que estão acusando-o. Ele sabe que eu nunca o perdoaria!
O
patrimônio que construímos ao longo de nossa vida nem de perto chega ao que
estão acusando-o de ter se beneficiado. São dois imóveis adquiridos antes de
2004 e um, no qual moramos em Curitiba, adquirido em 2009, financiado junto ao
Banco do Brasil, por 20 anos. É uma dívida, mais que do que um patrimônio,
constantes das declarações de imposto de renda.
A
imprensa noticiou nosso apartamento como uma grande cobertura. O condomínio tem
160 apartamentos, com vários prédios pequenos. O que dizem ser cobertura é o
último apartamento, no oitavo andar, um pouco maior que os demais. É
confortável, jamais luxuoso.
A
operação montada para a busca e apreensão em nossa casa e para a prisão do
Paulo foi surreal. Até helicópteros foram usados, força policial armada, muitos
carros! Pra que isso, chamar atenção? Demonstração de força?
Humilhação? Gasto
de dinheiro público desnecessário, é isso!
Foi uma
clara tentativa de humilhar um ex-ministro nos governos Lula e Dilma, que
colheu muitos elogios no exercício de seu cargo. É também uma tentativa de
abalar emocionalmente o trabalho de um grupo crescente de senadores que
discordam dos argumentos que ora vêm sendo usados para afastar uma presidenta
legitimamente eleita por mais de 54 milhões de votos.
O que
vemos é a mesma e repetida seletividade que vem marcando decisões do Ministério
Público e de juízes que promovem carnavais midiáticos contra alguns políticos,
ao mesmo tempo em que protegem e retardam decisões de outros, sobre os quais há
provas mais do que suficientes para uma ação contundente, definitiva.
Não estou
aqui a reclamar o respeito como parlamentar com mandato popular e prerrogativa
de foro, sobre o qual, aliás, já me manifestei contrária e assinei uma Proposta
de Emenda Constitucional para extingui-lo. Mas o respeito com que qualquer
mulher ou homem deve ser tratado por agentes de estado, principalmente os que
exercem a função policial. Senti na própria pele o que aflige diariamente
milhares de pessoas, homens e mulheres, atingidos pelo abuso do poder legal e
policial.
Nas
remexidas em minha casa, sequer o computador que meu filho adolescente utiliza
em seus trabalhos escolares foi poupado. Agora, é prova de processo criminal.
Senti naquele momento todo o mal que pode causar o controle de segmentos do
Estado sem limitações. Tentei impedir. Disseram que iriam devolvê-lo no mesmo
dia. Sou uma pessoa de fé. Acreditei e liguei no final da tarde de quinta-feira
porque meu guri sente falta do computador que usa para jogar e comunicar-se com
os amigos. Responderam que só hoje, segunda, 27, começariam a analisar o disco
rígido e não há mais data para devolvê-lo. Buscavam achar dinheiro? Cofres?
Documentos que pudessem nos incriminar? Não acharam nada, nada! O que
provavelmente tenha frustrado a operação
Minha
luta aqui e agora é pela restauração da dignidade do nome de meu companheiro,
duramente atingido pelas precipitações do noticiário. Sei que é uma cruzada
difícil, contrariar a onda corrente.
Ainda não
encontrei alívio para a minha dor, para a dor dos nossos filhos, apesar do
testemunho de amigos e companheiros que, mesmo na adversidade, não perdem a fé e
ousam falar com coragem, o melhor instrumento de combate que temos.
Quero
agradecer aqui, publicamente, minha bancada de senadores e senadoras, que na
primeira hora fizeram-me uma linda nota de solidariedade. Também a todos e
todas que externaram carinho, confiança e apoio através de telefonemas, e
mails, mensagens.
Muito
obrigada aos que se solidarizaram comigo e com todas as pessoas da minha
família. Tudo que tenho para oferecer de volta é a minha amizade e compromisso
na luta por um mundo melhor. Podem contar comigo. Hoje e sempre.
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