Outro dia estava conversando com um amigo
sobre os bons tempos das cartas. Sim, aquelas mesmo: papel, envelope, selo,
carteiro – e ficamos filosofando sobre isso.
É verdade que a Internet, redes sociais, o facebook aproximaram muito as pessoas. Permitiram com que amigos distantes um do
outro e, de certa forma, esquecidos em algum lugar da memória, pudessem se
reencontrar, continuando a amizade, ou melhor, entrando em uma nova etapa.
Raramente uma amizade continua a mesma ao longo dos anos, infelizmente alguma
coisa sempre muda, algo sempre se perde pelo caminho.
Não sei explicar exatamente o meu sentimento
em relação a isso, mas parece que o e-mail e o facebook tiraram a emoção e o romantismo que
havia nas cartas, deixou tudo muito rápido e a espera, de certa forma, mais
angustiante.
Pela carta havia também um momento de espera,
mas uma espera que não dependia só da gente. Dependia do carteiro, de quando a
pessoa postou a carta, do cara que separava as correspondências na Agência dos
Correios... Em minha opinião receber uma carta tinha mais vida, mais alegria.
Às vezes eu ficava esperando o carteiro na porta de casa e quando ele me via
dava um sorriso: "opa, hoje tem carta pra você, Nilson". E o coração já
disparava. E não era só isso, eu fazia amizade com o carteiro.
Escrever cartas tinha todo um ritual: pegar
o papel, escolher um pensamento para colocar no início, a caneta não era uma
Bic qualquer, às vezes fazia algum desenho ou pintura. Sem contar que a escrita
era a próprio punho. Seria uma heresia datilografar ou digitar uma carta!
E após tudo isso
ainda tinha de levar o envelope até a agência dos correios.
Muito trabalhoso? De certa forma sim. Mas
era algo gratificante. Pelo menos pra mim. Ia com alegria ao Correio e conhecia
todos os funcionários. O conteúdo da carta sempre mudava, pois como
passavam dias até obter a resposta, o estado de espírito já era outro e sempre
havia novos assuntos.
Ficávamos mais próximos dos amigos
distantes e, de certa forma, nos tornamos mais solitários. Parece que é uma
contradição, mas sinto que a Internet tirou parte do convívio físico, pessoal. Hoje tudo
está na "nuvem". Inclusive os amigos.
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