Para mim, que nas suas margens vivi, não há dúvidas de que o rio São Francisco é um celeiro de lendas. É santo que foge de igreja, é caboclo d´água que vira cabaça para atrair e comer as pessoas, é serpente encantada, mãe d´água, entre tantos outros mistérios que habitam as profundezas do “Velho Chico” e aguçam a imaginação dos barranqueiros.
Em Xiquexique, na ilha do Miradouro de 12 km de extensão por 6 km de largura, ninguém sabe ao certo onde foi parar a serpente que vivia debaixo do altar-mor da Igreja de Santana.
A construção dessa igrejinha é do início do século XVIII e se deve a um caboclo rico chamado Robério Dias Muribeca, neto de Caramuru e da índia Paraguaçu. Diz uma das versões da lenda que a mãe de Robério virou uma serpente encantada e ele construiu uma igreja na Ilha do Miradouro para acorrentá-la debaixo do altar. Conta-se que de sete em sete anos acontece um estrondo na igreja, deixando-a toda rachada. Os devotos rezam o "Ofício" senão a serpente aparece e sai comendo tudo.
O forro do altar, com a pintura da santa, estava quase desabando quando lá estive, devido à ação dos cupins e da infiltração. A imagem original de Santana, com uma coroa de ouro, foi roubada há mais de 30 anos. Em outra invasão de vândalos, o piso da sacristia foi arrancado e cavaram um buraco em busca de um possível tesouro que muita gente acredita estar enterrado por ali.
A pequena imagem de Santana em madeira, possivelmente é tão antiga quanto à igreja que conserva o púlpito com bacia de pedra e guarda-copo de madeira, almofadado. As grades da comunhão, em treliça, estavam amontoadas há vários anos na sacristia.
Sobre a origem do nome da ilha, alguns de seus moradores disseram que partiu de “mira ouro”. Do local onde existe a igreja, segundo eles, os nativos tinham o poder de avistar ouro na Serra do Assuruá que enriqueceu muita gente que se aventurava a garimpar pela serra.
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