Para uma gestão municipal eficiente, um dos
obstáculos é a manutenção da chamada velha política, onde predominam práticas
coronelistas e uma política personificada em figuras. Ao mesmo tempo, quem
ocupa cargos na esfera federal detém poder orçamentário, o que pode influenciar
diretamente as eleições municipais. Esse é um apoio que o governo precisa para
se manter e governar quando acontecem as eleições parlamentares, que definem os
81 senadores e 513 deputados do Congresso Nacional.
Vale lembrar que a trajetória de grandes
políticos geralmente não começa em Brasília, mas em municípios e estados, onde
as primeiras alianças são estabelecidas. Quando esses mesmos políticos passam a
ocupar cargos na esfera federal, continuam favorecendo seus aliados locais por
medo das consequências que um rompimento com o modo vigente traria para as
próximas eleições para cada partido, segundo a obra “Barões da Federação”,
do cientista político Fernando Abrucio.
Para combater essa realidade pouco adianta –
sem diminuir a importância desses mecanismos – criar legislações eleitorais
mais rígidas ou burocracias nos processos de prestação de contas de campanhas
políticas, se pequenos municípios não têm capacidade de executar ou fiscalizar
esses aspectos. Dar um passo para trás e considerar a realidade local dessa
parcela da população é fundamental.
A "AJUDA"
A existência da “ajuda” como uma variante da compra
de votos. Os moradores da cidade não entendem como compra de votos, mas a
Justiça Eleitoral, sim. De 4 em 4 anos, os políticos aparecem e seu dever é
ajudar a população com uma carona, um remédio, um refrigerante para a festa dos
filhos ou qualquer outra coisa que possa ser revertida em pedido. Quem ajuda
mais, tem uma maior credibilidade na cidade, pois cumpre melhor a sua função
política. Existem até publicações em páginas de candidatos nas redes sociais
dando geladeiras a moradores. Sem ser a “ajuda”, a compra de votos acontece
também no dia da eleição.
Nesse contexto de interior do país, a Prefeitura serve principalmente para empregar (ou ajudar) a população. Assim, o período eleitoral carrega uma tensão porque é a chance de manter o emprego ou garantir um no início do próximo mandato. Funciona como uma importante fonte de renda para os moradores. Em uma realidade na qual a visibilidade em carreatas ou comícios é importante, a Prefeitura tem um papel relevante nesse procedimento.
A velha política, portanto, ainda está profunda e culturalmente enraizada a ponto de uma campanha ser considerada inovadora simplesmente por ser feita dentro da lei e isso acontece também no âmbito nacional.
POLITIZE!
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