O título se refere a uma canção do compositor carioca Marcos Valle, muito em voga na década de 1970, uma época em que a juventude, insatisfeita com as propostas oferecidas pela sociedade de então, bradava que “outro mundo é possível”. “Bradava”, porque, infelizmente, seus gritos não deram em nada.
A
própria “revolução cultural”, iniciada na Europa em 1968, tendo com ponto de partida a capital da França- Paris, foi abortada
pela mídia neoliberal, ao levar os jovens a substituir os ideais e
valores que os sustentavam pela busca desenfreada do poder e do prazer,
alienando-os, assim, dos problemas que afligem a humanidade.
Mas
passou, também, o tempo, eles atingiram 60, 70 anos ( Marcos Valle tem 75) e chegaram à idade
da descrença, quando crescerem e se avolumaram as desilusões. É natural,
então, que brote o conformismo. No desfibramento, na senectude, nasce a
flor morta da conformação. A luta pelo futuro cede o lugar à
desesperança porque, para um velho, o futuro é a própria, vizinha,
imediata morte. O futuro passa a caber em uma porta estreita e
mesquinha. Porta, passagem para lugar nenhum.
Os
velhos são mais inclinados ao cinismo do que à vergonha ... Vivem de
recordações mais que de esperanças, porque o que lhes resta de vida é
pouca coisa em comparação do muito que viveram; ora, a esperança tem por
objeto o futuro; a recordação, o passado.
É
essa uma das razões de serem tão faladores; passam o tempo repisando
com palavras as lembranças do passado; é esse o maior prazer que
experimentam. Aqui se unem o psicológico, o histórico, o social, o
orgânico simples da vida e a experiência em uma só pessoa. Se essa união
se aplica a qualquer homem, do nascimento à velhice, com mais
propriedade se aplica aos velhos. Neles há com mais propriedade a
experiência. Neles se mostra mais às claras o "orgânico simples da
vida". Neles se encarna o histórico vivido.
Existem
alguns doidos, desequilibrados, que tentam, e conseguem, à sua maneira,
fugir da lei universal. Existem uns românticos empedernidos que
resistem numa luta desigual contra o destino da biologia.
Mas
os jovens foram e continuam sendo um sinal de contradição. Na verdade,
assim como a velhice, também a juventude, mais do que um período da
vida, pode ser um estado de espírito. Oxalá esse estado de espírito seja
colocado a serviço de um mundo melhor.
Somente assim os jovens revolucionários de hoje não serão os velhos reacionários de amanhã.
Somente assim os jovens revolucionários de hoje não serão os velhos reacionários de amanhã.
0 comentários:
Postar um comentário
Os comentários serão de responsabilidade dos autores. podendo responder peço conteúdo postado!