A vila de Utinga pertence ao vizinho município da Barra. E foi ali que vi, pela primeira vez, o Frei Luiz Cappio. Era dia de festa da padroeira Nossa Senhora da Conceição e o Frei celebrava a missa solene enquanto o povo soltava foguetes e rojões. Um mastro erguia-se em frente à igreja de estilo barroco, construída no século XIX.
Não tive condições de aproximar-me de Frei Luiz, mas , de longe, ouvia atentamente o seu sermão, cuja linguagem elegante, de fácil compreensão para os devotos daquela comunidade simples do sertão barranqueiro..
A figura emblemática daquele frade franciscano,faziam-me relembrar as leituras de Teologia da Libertação mesmo sem enveredar-me na militância teológica progressista. Sempre fui um ardoroso defensor da libertação do "Velho Chico" cujas águas sagradas me viram nascer e tornar-me cristão pelo batismo.
A indústria das águas que substitui a indústria da sêca, com a injeção líquida de bilhões de reais que decerto se evaporararão nas algibeiras dos corifeus da Transposição das águas barrentas. Teimo a duvidar da sua eficácia para benefícios do povo simples do nordeste setentrional. Bato na tecla antiga: A Transposição beneficiará, tão somente, aos homens de ventres avantajados pela gordura da corrupção e quem viver verá.
Do alto da Serra de Santo Inácio, Frei Luiz teria a mesma visão de São Francisco que, do alto das colinas da Cidade de Assis, contemplou a planície italiana amando a natureza pura, sem artifícios.
Ao deixar a Vila de Utinga, naquele mesmo dia da festa da padroeira, tive o pressentimento de que jamais voltaria ali, pois as dificuldades enfrentadas para alcançarmos a Ipueira, navegando pelo Canal, foram imensas, somadas aos bancos de areia que quase impediram a nossa embarcação de atracar no porto da Ponta das Pedras. Voltei a Utinga sem festa, sem Frei Luiz... Mas com a Transposição em andamento.
1 comentários:
FREI LUIZ
20/7/10 11:31A vila de Utinga pertence ao vizinho município da Barra. E foi ali que vi, pela primeira vez, o Frei Luiz Cappio. Era dia de festa da padroeira Nossa Senhora da Conceição e o Frei celebrava a missa solene enquanto o povo soltava foguetes e rojões. Um mastro erguia-se em frente à igreja de estilo barroco, construída no século XIX.
Não tive condições de aproximar-me de Frei Luiz, mas , de longe, ouvia atentamente o seu sermão, cuja linguagem elegante, de fácil compreensão para os devotos daquela comunidade simples do sertão barranqueiro..
A figura emblemática daquele frade franciscano,faziam-me relembrar as leituras de Teologia da Libertação mesmo sem enveredar-me na militância teológica progressista. Sempre fui um ardoroso defensor da libertação do "Velho Chico" cujas águas sagradas me viram nascer e tornar-me cristão pelo batismo.
A indústria das águas que substitui a indústria da sêca, com a injeção líquida de bilhões de reais que decerto se evaporararão nas algibeiras dos corifeus da Transposição das águas barrentas. Teimo a duvidar da sua eficácia para benefícios do povo simples do nordeste setentrional. Bato na tecla antiga: A Transposição beneficiará, tão somente, aos homens de ventres avantajados pela gordura da corrupção e quem viver verá.
Do alto da Serra de Santo Inácio, Frei Luiz teria a mesma visão de São Francisco que, do alto das colinas da Cidade de Assis,
contemplou a planície italiana amando a natureza pura, sem artifícios.
Ao deixar a Vila de Utinga, naquele mesmo dia da festa da padroeira, tive o pressentimento de que jamais voltaria ali, pois as dificuldades enfrentadas para alcançarmos a Ipueira, navegando pelo Canal, foram imensas, somadas aos bancos de areia que quase impediram a nossa embarcação de atracar no porto da Ponta das Pedras. Voltei a Utinga sem festa, sem Frei Luiz... Mas com a Transposição em andamento.
Nilson Machado de Azevedo
nilsonazevedo@globo.com
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