Xiquexique: A política do morde e assopra

“O assopro do poder público”

Nesse final de julho, a parceria firmada entre a Secretaria de Educação e Cultura, representando a Prefeitura Municipal, e a UNEB, proporcionou a realização da I Semana de Cultura do município. O evento anteriormente era organizado pela Faculdade de Letras, e chamado de “É Vento de Cultura”, que também contava com o apoio do poder público municipal. Como este último evento deixou de ser realizado sem motivos aparentes, deduz-se que mudou de nome, sendo ampliado para o que está sendo realizado agora.



De qualquer forma, cabe elogiar a iniciativa, pois incentivar a cultura é reforçar a identidade de um povo, algo que vem sendo esquecido numa sociedade cada vez mais globalizada e alheia às suas origens. Ainda cabe ressaltar que, da maneira como está sendo feita agora, o evento proporciona uma maior interação entre a comunidade universitária e a sociedade, situação que ainda está muito aquém da importância e responsabilidade social que uma faculdade tem.



Capão do Martin



Paralelamente a esse acontecimento, O povoado de Capão do Martin, próximo da Utinga, em Xiquexique estaria celebrando nesse sábado a festa para a sua padroeira, Nossa Senhora Santana. Batizados, celebrações e a tradicional festa noturna fazem parte desse dia, tanto no citado povoado, como em outras localidades do município que festejam seus padroeiros.

É fato que, como o Brasil foi colonizado pelos portugueses, que na época era um povo essencialmente católico, a religiosidade popular se tornou algo muito presente na cultura brasileira. Apesar de o Estado (governo) ser laico (não-religioso), incentivar a cultura popular, ou garantir o direito a sua realização, é um dos deveres do poder público.

“A mordida do poder público”

Para que o leitor entenda o porquê de informações tão diferentes numa mesma matéria, convém situá-lo a respeito dos acontecimentos. Ao mesmo tempo em que o poder público municipal incentiva um evento cultural no município, a pessoa do prefeito vetou a realização dos festejos do povoado do Capão do Martin, que é uma festa já tradicional da localidade, pois a mesma seria realizada na mesma data (30/07) da inauguração do posto de saúde da Utinga, povoado vizinho.

Ora, vetar um festejo tradicional que só acontece uma vez ao ano, em detrimento a outro, também importante diga-se de passagem, mas que pode ser realizado a qualquer momento (inclusive no dia seguinte), mostra que o fator político está muito além do que é do interesse do povo. A cultura, ou nesse caso a falta dela, provou ser apenas um pretexto para vitrine política que vem se tornando costumeira em nosso município. As atitudes demonstradas falam por si.