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O REI ESTÁ NU

2/13/2014


Este é um conto muito conhecido, de autoria de  Hans Christian Andersen (Contos de Fadas) , trata da vaidade humana e da subserviência. Quanto maior a vaidade, mais tolos e idiotas nos tornamos. Estamos aqui parafraseando o texto original de Andersen , visando  a reflexão, principalmente dos jovens leitores que acessam esta página de facebook.
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Havia outrora um rei muito mau e vaidoso que cobrava pesados impostos dos seus súditos de forma a custear o seu guarda-roupa confeccionado a partir dos mais dispendiosos tecidos.

Certo dia chegaram dois vigaristas que se apresentando como renomados alfaia­tes de uma terra longínqua solicitaram uma audiência com o rei, durante a qual lhe contaram que tinham inventado um novo e fabuloso tecido, feito de uma fibra de ouro muito cara que apenas as mais puras e sábias pessoas eram capazes de ver. 

Excitado, o rei pediu para ver uma amostra, e os homens mostraram-lhe um cabide vazio. "Não achais maravilhoso?" perguntaram ao rei.

O rei concordou, receando admitir que nada via, pois isso significaria que era uma pessoa apática e estúpida.

O rei se  lembrou então de testar os seus ministros, convocando-os para darem a sua opinião. Uma vez que lhes foi explica­da a magia do tecido, todos concordaram que se tratava de fato do melhor e mais maravilhoso tecido do mundo.

O rei ordenou que a maior parte do ouro do tesouro real fosse entregue aos supostos alfaiates para estes o transforma­rem em fio. Os homens começaram a trabalhar de imediato, passando o dia a fin­gir que cortavam e cosiam, enquanto periodicamente o rei e os seus ministros vinham observar o produto que eles es­tavam a confeccionar — e fazer o pagamento as enormes dívidas que vinham a acumular no decurso das atividades dos alfaiates.

Chegou finalmente o grande dia, quan­do todos os habitantes do reino foram convocados para admirar a roupa nova do rei, para a qual tanto tinham dispendido e da qual tanto haviam ouvido falar.

Quando o rei surgiu todo nu, as pes­soas olharam-se incrédulas e nada disseram. Então cantaram as loas do mira­culoso tecido novo: "É a obra mais bela que jamais vi!" "Magnífico!" "Quem me dera ter um tecido assim tão maravi­lhoso!" Todos aplaudiram, receosos de serem denunciados e apodados de estúpidos e impuros caso procedessem de outro modo.

E o rei pavoneou-se orgulhosamente frente aos seus súditos, secretamente preocupado com a eventualidade de perder a coroa caso o seu povo descobrisse que ele próprio era incapaz de ver a roupa que lhe envolvia o corpo.

Quando o rei passou junto da multi­dão, um menino que estava com do pai gritou: "Mas o rei não traz nada vestido, o rei está nu!"
"Escutai o que diz o inocente!" disse o pai do rapazinho, o rei está nu, está sem roupa! E as pessoas sussurraram umas às outras o que dissera a criança. E as palavras do garoto espalharam-se entre os súditos do rei.

Todos — ministros, guardas e povo — perceberam então que o rei e os seus mi­nistros haviam sido enganados por escro­ques, e que estes não apenas os haviam enganado, mas tinham gasto nesta farsa todo o dinheiro dos impostos.

O rei ouviu as pessoas rirem e murmurarem. Sabia que elas tinham razão, mas o seu orgulho impedia-o de admitir que se en­ganara e fizera figura de idiota. De modo que o rei se empertigou todo e, do alto do seu nariz, fitou os guardas, até que captou o olhar de um deles.

O guarda, olhando nervosamente em redor, consciente de que este vaidoso rei podia mandar encarcerá-lo ou mesmo decapitá-lo, evitou os seus olhos e fitou o chão. Então outro guarda, percebendo que o seu colega deixara de rir, assustou-se e baixou também os olhos para o chão. Num instante, to­dos os guardas, ministros e até mesmo as crianças que fingiam transportar o real manto feito de teci­do de ouro invisível, olha­vam fixamente para o chão.

Vendo os ministros e os guardas, que há um momento atrás estavam rindo do rei e agora fitavam o chão, tremendo como varas verdes, as pessoas deixaram de rir e não tardaram também a baixar as cabeças.

Até o rapazinho que inicialmente ex­clamara que o rei estava nu, vendo todas as pessoas  à sua volta, e até mesmo o seu pai, tão assustadas e subju­gadas, baixou a cabeça cheio de medo!

Então o rei, empertigando-se de novo, anunciou aos seus súditos, enquanto marchava através do seu reino: "Quem se atreve a dizer que estas não são as melhores roupas que há?"

Moral da história: a vaidade, a arrogãncia e a subserviência cegam.

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