Acompanhar o noticiário internacional é sempre uma
experiência que demanda discernimento – afinal, trata-se de notícias que vêm de
longe e que, além de obviamente sujeitas ao viés analítico e ideológico do
órgão de comunicação que as irradia, são relativas a fatos não vivenciados no
dia a dia do público leitor. No Brasil, precisa-se de bem mais que
discernimento para passar por esta experiência – muita desconfiança e dois pés
pra trás talvez não deem conta da tarefa, especialmente se estão em foco países
que tomaram um rumo que fuja minimamente ao que determina o mainstream.
A Venezuela é certamente um desses países. E não se trata aqui de tecer louvores ao país latino-americano, o qual, a exemplo de tantas outras nações de nossa região, tem uma trajetória marcada por uma série de contradições e precariedades sociais e políticas. Trata-se simplesmente de apelar para noções básicas e primárias do jornalismo, de modo que, diante dos fatos, se porte com um mínimo de seriedade e isenção.
Assistir aos noticiários ou ler matérias dos maiores
grupos de mídia sobre os últimos manifestos na Venezuela é se deparar, no
entanto, sem exceção, com um bloco monocórdio, parcial e tendencioso. Um dos
jornais televisivos de maior repercussão no país, o Jornal Nacional da Rede
Globo, em uma de suas edições da semana passada, chegou a trazer os acirrados
acontecimentos da Venezuela, com sua população visivelmente dividida (como é de
praxe em situações sociais de conflagração ou mais extremadas), a partir das
falas, imagens e cenários de somente um dos lados – a oposição ao presidente
Maduro e ao chavismo.
Ideias como as refletidas pela frase “Governo que cai? Não. Governo que sustenta grupos paramilitares e uma polícia política, dispostos a aterrorizar atos da oposição, espionar e matar”, seguida de posterior e literal alusão ao nazismo – frase de um editorialista da Folha de S. Paulo, na segunda-feira, 24 de fevereiro -, são quase exclusivamente o que se vê espelhado pela imprensa corporativa. Autênticas caricaturas de direita, ditadas pelos porta-vozes e críticos vorazes dos clichês que saem pela esquerda.
Ideias como as refletidas pela frase “Governo que cai? Não. Governo que sustenta grupos paramilitares e uma polícia política, dispostos a aterrorizar atos da oposição, espionar e matar”, seguida de posterior e literal alusão ao nazismo – frase de um editorialista da Folha de S. Paulo, na segunda-feira, 24 de fevereiro -, são quase exclusivamente o que se vê espelhado pela imprensa corporativa. Autênticas caricaturas de direita, ditadas pelos porta-vozes e críticos vorazes dos clichês que saem pela esquerda.
Carta Maior
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