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A lenda que virou história

4/12/2014



Estive há poucos dias em Minas Gerais. 
Partindo de Belo Horizonte num teco-teco  fui conhecer a represa de Três Marias. Ali, no hotel onde me hospedei, numa rodada de chopes, me contaram vários causos, entre eles o que se segue:



Há muitos e muitos anos, vivia às margens do Rio São Francisco, na parte que atravessa e banha Minas Gerais, a família do Sr. Miguelzinho e D. Helena. Da varanda da sua casa, à beira do rio, avistavam-se três ilhas que faziam parte de um arquipélago fluvial de vegetação exuberante, típica da região do Alto São Francisco.


O casal teve muitos filhos, entre os quais   as trigêmeas Maria da Conceição, Maria Teresa e Maria Antônia. Eram lindas moças de longos cabelos negros, corpos esbeltos e curvilíneos, sorrisos alegres. Encantavam todas as  pessoas: Homens, mulheres e crianças, irradiando suas formosuras de caboclas trigueiras e...mineiras.

Elas gostavam de nadar no rio, tais quais sereias sobre as águas de Mãe D’Água barranqueira. Quando as três mergulhavam pareciam cristais a se  confundir com a água barrenta do Velho Chico, pela transparência dos seus vestidos.

As Marias eram religiosas. Iam sempre à igreja participar do coral. Elas tinham por talento a voz melodiosa. Gostavam de cantar, principalmente à noite, após o pôr-do-sol, naquele momento mágico, quando o rio São Francisco se mistura com a noite e se prepara para dormir.

Nas suas margens, em um certo trecho perto do sítio de Miguelzinho, havia muitas pedras que formavam uma espécie de cadeira ou poltronas com braços também de pedras. Assim como um encosto de uma muralha.

Nas cadeiras de pedra que a natureza esculpiu com o tempo, as Marias gostavam de se sentar e ali permanecer por longo tempo contemplando as águas do rio passar. Viam os pescadores remando os seus paquetes, viam os viajantes embarcados nos vapores e sentiam o afago da brisa depois do ocaso do sol.

Certo dia, como de costume, as jovens foram para as pedras em formato de cadeira. Anoiteceu e amanheceu, o dia tornou a virar noite, a noite a virar dia e as Marias não voltaram para casa. 

Todos os serranos das Alterosas, toda Minas Gerais, procuraram pelas Marias e até o governador do Estado de Minas, na época Juscelino Kubistchek, se empenhou em encontrá-las. 
Mesmo com essas buscas minuciosas, elas nunca mais foram vistas.

Depois que as Marias desapareceram, os moradores da região, barranqueiros, viajantes, navegantes e pescadores passaram a chamar as três ilhas de Três Marias.

As ilhas desapareceram um dia com a imensa barragem mandada construir por Juscelino Kubistchek que se tornara presidente da república. A região e a barragem foram denominadas Três Marias em homenagem às belas sertanejas, cuja lenda se tornou esta breve história a mim repassada por um "mineirim", daqueles que se alimentam quietos.






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