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Conversa ao pé do ouvido

4/15/2015





Em meados de 2014 as  previsões divulgadas por algumas empresas de consultoria econômica, asseveravam que o Brasil estaria a ponto de se tornar a sexta maior economia do mundo em termos de seu Produto Interno Bruto, o tão falado PIB.

Para quem acompanhava a evolução do desempenho econômico dos principais países do mundo, tal fato não apresentava nenhuma surpresa. Há, ainda hoje, algumas economias que formam um meio de campo embolado, logo depois dos 4 primeiros: Estados Unidos, China, Japão e Alemanha. O outro grupo é composto por França, Inglaterra, Brasil e Itália.  Existem, por assim dizer, várias metodologias possíveis para mensuração dos PIBs nacionais.

O que se pretende demonstrar aqui aos leitores de A VOZ é uma visão mais realista e menos ufanista da comparação apressada dos PIBs, tal como vem ocorrendo ao longo dos últimos meses, sem, no entanto,  adentrar no mérito sobre os ajustes fiscais do ministro Joaquim Levy.

A lista de tarefas que o Brasil ainda tem a cumprir para com a maioria de sua população é longa. Os elevados índices de morte violenta, como a taxa de homicídios e a taxa de mortos nos acidentes. Os elevados índices de analfabetismo entre adultos e as preocupantes proporções do chamado “analfabetismo funcional” no conjunto da população evidenciando a corrupção que grassa e que vem sendo combatida pelo Governo Dilma, do Oiapoque ao Chuí, embora os corruptos e corruptores insistem, irresponsavelmente, em colocar a culpa única e exclusivamente no Partido dos Trabalhadores-PT.

As altas taxas de ocupação residencial sem as mínimas condições de oferta de serviço de saneamento, como água e esgoto, com ênfase  na região Nordeste. Os números expressivos de famílias residindo em condições de favela e áreas consideradas como de alto risco. As péssimas condições associadas ao tempo e à qualidade no uso de transporte público. A falta de acesso à terra para quem vive no campo. Os vergonhosos índices de trabalho escravo denunciados a cada ano. E por aí vai.

Há necessidade premente em mexer na questão da profunda desigualdade que continua a ser a marca de nossa sociedade. Não apenas essa redução de fachada, onde se comparam os rendimentos dos que estão no topo dos 10% de renda mais alta. Isso porque nossa sociedade é tão profundamente desigual, que nesse ínterim estão presentes parcelas expressivas das classes médias a esconderem a verdadeira face da permanência dessa elevada disparidade.

Trata-se, isso sim, de reduzir a vergonhosa concentração da riqueza em mãos dos 0,5% ou 1% mais abastados, na comparação com a absoluta maioria que se vê obrigada a sobreviver com uma renda equivalente ao salário mínimo, hoje de 788 Reais. Quando resolvermos essas situações, aí sim, teremos então algo que mereça realmente ser comemorado no Brasil.
 
A Voz

 

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