Até aqui,
o chamado Movimento Brasil Livre co-patrocinou protestos, pediu o impeachment
de Dilma, liderou marcha ao Congresso e atacou o PT, sempre revelando sua face
de direita raivosa, preconceituosa e amiga da violência. Mas, até aqui, atuou
dentro do cercado, em manifestações que reuniram o mesmo bloco ideológico de
pessoas. Com a manifestação de amanhã, na frente do Hotel Pestana, de Salvador,
onde começará o V Congresso do PT, o movimento da jovem direita adentra o
terreno adversário e acende uma faísca perigosa.
Ir cutucar
os petistas em seu congresso é uma provocação. É chamar para a briga os
militantes petistas que lá estarão, tentando encontrar remédios para suas
feridas. O clima já terá componentes emocionais mesmo na ausência de provocadores.
Se os liderados de Kim Kataguiri repetirem ali suas performances exaltadas, no
melhor estilo neo-fascista, estarão chamando os petistas para a reação e o
confronto.
Revisitar
a História faz bem. Em 1934, aconteceu na Praça da Sé, em São Paulo, o episódio
que ficou conhecido como Revoada da Galinhas Verdes, um violento confronto
entre comunistas e militantes da Frente Única Antifascista (FUA), contra os
manifestantes da Ação Integralista Brasileira (AIB), os galinhas-verdes. Além
dos muitos feridos, morreram seis guardas civis, um estudante e dois operários.
Muitos outros confrontos entre comunistas e integralistas aconteceram naquele
período de radicalização.
O PT vive
seu inferno astral por muitas razões, não apenas por ter cometido erros. De
tudo pode ser acusado mas não de ter violado as regras da convivência
democrática. Aceitou as derrotas eleitorais que sofreu, os condenados do
mensalão sujeitaram-se à Justiça e estão cumprindo as penas. Seus militantes –
das autoridades apupadas em restaurantes aos filiados xingados nas ruas, no
trabalho ou na família – têm enfrentado os ataques com estoicismo democrático.
Mas se o adversário for agredí-los lá, no maior encontro do partido, não sei
não. Por mais que a direção tente serenar os ânimos, alguns poderão sempre se
exaltar, derramando o copo de mágoas.
O
governador Rui Costa deveria reforçar a segurança nas cercanias. E os deputados
do DEM com quem Kataguiri tem encontros marcados em Salvador também deviam
jogar água fria no propósito claramente provocador.
Teresa Cruvinel
0 comentários:
Postar um comentário
Os comentários serão de responsabilidade dos autores. podendo responder peço conteúdo postado!