O advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, um dos mais notórios de
Brasília, deu o tom do que será a reação dos senadores à Operação Politeia,
deflagrada nesta terça-feira pela Polícia Federal, atingindo três
parlamentares: Ciro Nogueira (PP-PI), Fernando Collor (PTB-AL) e Fernando
Bezerra Coelho (PSB-PE). "O Supremo Tribunal Federal violentou o Senado
Federal", disse Kakay, como é chamado o advogado.
Segundo ele, que defende Ciro Nogueira, os policiais que cumpriram os
mandados de busca e apreensão não apresentaram as decisões que ampararam o que
chamou de "invasões" ilegais. "Como eu posso defender meu
cliente se não sei do que ele é acusado?", questiona Kakay. "Hoje, eu
me sinto completamente tolhido no papel de exercer o direito de defesa". O
advogado defende ainda que a Ordem dos Advogados do Brasil se manifeste sobre o
que ocorreu nessa terça-feira.
Nesta noite, Kakay fechou uma petição encaminhada ao presidente do
Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski. Nela, pede que sejam
explicitadas as razões que levaram o ministro Teori Zavascki a determinar os
mandados de busca e apreensão. Kakay pede ainda para ter acesso à íntegra dos
depoimentos do empresário Ricardo Pessoa, em sua delação premiada. "Da
forma como foi feita a ação desta terça-feira, foi quebrado o tênue equilíbrio
entre os poderes".
Nesta terça-feira, em nota, o presidente do Congresso, senador Renan
Calheiros (PMDB-AL), condenou o que chamou de "violência ao Estado
Democrático". Leia, abaixo, reportagem da Reuters:
Renan diz que ação da PF contra
senadores foi "violência ao Estado Democrático"
Reuters - O presidente do Senado, Renan
Calheiros (PMDB-AL), disse nesta terça-feira que a operação de busca e
apreensão realizada pela Polícia Federal em apartamentos funcionais de
senadores representa uma "violência contra as garantias constitucionais em
detrimento do Estado Democrático de Direito".
Em nota lida no plenário do Senado, Renan afirmou que a ação da PF
"beira a intimidação" e disse ainda que o Senado não abre mão que
qualquer operação da PF em instalações da Casa sejam acompanhadas pela Polícia
do Senado. Ele afirmou também que os agentes federais não apresentaram os mandados
judiciais para realizaram busca e apreensão.
"A busca e apreensão nas dependências do Senado Federal deverá ser
acompanhada da Polícia Legislativa. Disso não abriremos mão", afirmou o
parlamentar.
"Buscas e apreensões sem a exibição da ordem judicial, e sem os limites
das autoridades, que as estão cumprindo, são invasão. São uma violência contra
as garantias constitucionais em detrimento do Estado Democrático de
Direito."
Nessa terça-feira, a PF cumpriu determinação dos ministros do Supremo
Tribunal Federal (STF) Celso de Melo, Ricardo Lewandowski e Teori Zavascki e
realizou operação de busca e apreensão em imóveis ligados aos senadores
Fernando Collor de Mello (PTB-AL), Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE) e Ciro
Nogueira (PP-PI), entre outras pessoas.
As investigações contra Collor e os demais políticos com foro
privilegiado foram autorizadas pelo STF, após pedido do procurador-geral da
República, Rodrigo Janot.
Os imóveis funcionais de alguns parlamentares, como o de Collor, também
foram alvo da operação.
A ação foi um desdobramento da operação Lava Jato, que investiga esquema
bilionário de corrupção na Petrobras.
"As instituições, entre si independentes, precisam estar atentas e
zelosas ao cumprimento e respeito aos limites legais estabelecidos na Constituição
Federal para que não percamos garantias que foram duramente
reconquistadas", afirmou Renan ao finalizar a nota.
A Polícia Federal informou, por meio da assessoria de imprensa, ainda
não ter tomado conhecimento da nota de Renan, mas afirmou, em resposta a
críticas anteriores feitas à operação desta terça-feira, que a ação não está
subordinada ao regimento interno do Senado, que determina que a Polícia da Casa
acompanhe os agentes na operação.
Lembrando que a busca e apreensão foi determinada por decisão do STF, a
PF negou ainda que os agentes não apresentaram a decisão da Justiça ao
cumprirem o mandado.
De acordo
com a Polícia Federal, os mandados de busca e apreensão foram sim apresentados,
mas não foram entregues aos membros da Polícia do Senado, pois eles não têm
"legitimidade" para receber este documento.
Brasilia 247
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