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Getúlio Vargas cumpre promessa e se mata com um tiro no peito

8/24/2015



 
Há 61 anos, na manhã de 24 de agosto de 1954, o presidente Getúlio Vargas deu um tiro no peito, pondo fim à vida e a um dos períodos mais conturbados da história política do país.  Ele havia se recolhido ao seu quarto no Palácio do Catete, no Rio de Janeiro, após uma tensa reunião com a equipe ministerial que varou a noite e não conseguiu garantir a sustentação de que precisava para resistir às pressões que pediam sua renúncia. A principal acusação era de que homens de confiança do caudilho estavam envolvidos no atentado contra o jornalista de oposição Carlos Lacerda, que resultou na morte do major Rubens Vaz, oficial da Aeronáutica que escoltava Lacerda.

O suicídio em 1954 foi a maneira que o presidente encontrou para cumprir a promessa de que só sairia do palácio morto – jamais entregaria o cargo aos que considerava “aves de rapina” que queriam continuar “sugando o povo brasileiro”.

Contudo, aquele gesto extremado foi mais que um ato de desespero diante do cerco que se fechava: era a saída que combinava com o perfil populista de Getúlio, que voltara nos braços do povo como senador e, em 1950, da mesma forma, como presidente da República. O desfecho trágico, como ele previra, jogou a população contra os opositores que queriam tirá-lo à força do poder, postergando um golpe que se concretizaria dez anos depois.

Mentor de avanços trabalhistas (CLT, férias, FGTS) e de investimentos importantes, entre eles a construção da refinaria de Volta Redonda (RJ), e ao mesmo tempo ditador que não hesitava em calar  a oposição à força e deportar figuras como a militante comunista Olga Benário, morta num campo de concentração na Alemanha nazista, Getúlio Dornelles Vargas é uma figura controversa, idolatrada por muitos e detratada por outros tantos. Após seis décadas, seus rastros ainda podem ser encontrados em algumas práticas políticas em partidos que tentam seguir seu ideário e em direitos que outras nações só conquistaram  com sangue e a perda de vidas.

A morte de Getúlio comoveu o país, e uma multidão acompanhou o cortejo na orla do Rio de Janeiro em direção ao Aeroporto Santos Dumont, de onde o corpo foi transladado para São Borja (RS), terra natal do presidente. Aos 72 anos, seu enterro teve discursos de Tancredo Neves, ministro da Justiça, de Osvaldo Aranha e de João Goulart, jovem com futuro promissor que mais tarde, na condição de presidente da república,  foi deposto pelos militares do golpe político de 1964.

O PDT (Partido Democrático Trabalhista) seria hoje o herdeiro do varguismo e do discurso nacionalista, por estar um pouco mais à esquerda no quadro partidário brasileiro. De Getúlio, ficou a ideia da modernização econômica, com a criação da Petrobras, por exemplo, ao mesmo tempo em que ocorria o flerte com as oligarquias, os operários e o sindicalismo, então atrelados ao Estado.

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