Diretor acadêmico da Fundação Escola
de Sociologia e Política de São Paulo (Fespsp), Aldo Fornazieri, diz, em entrevista para a Rede Brasil Atual, que a
tentativa de impeachment da presidenta Dilma Rousseff é alimentada pelo
candidato da oposição nas eleições de 2014. “É um inconformismo de Aécio Neves
(PSDB-MG), que é uma pessoa aparentemente dotada do sentimento de egoísmo, do
poder pelo poder, de uma ambição absurda, e uma pessoa que não se conforma
pelos resultados ditados pelo povo. É um elemento perigoso para a democracia
brasileira”, afirma Fornazieri.
Fornazieri destaca as duas frentes que sustentam a
perspectiva de golpe: no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), onde os tucanos
querem cassar a chapa Dilma-Temer, e na Câmara, com o processo de impeachment
propriamente dito. Mas, para Fornazieri, esses questionamentos são
superficiais. “Decorrem de uma luta pelo poder sem escrúpulos, na medida em que
não existe um fundamento legal para ter um impeachment, e na medida em que o
próprio TSE havia aprovado as contas da Dilma”, ressalta.
"A crise atual tem alguns aspectos complexos.
Em primeiro lugar, existe uma crise ética no Brasil por conta dos escândalos na
Petrobras. Aprofundou-se na sociedade a ideia de que toda estrutura política é
corrupta e de que os partidos não têm legitimidade, nem as instituições. Existe
também uma crise política, que tem muito de artificial, porque é evidente que o
governo Dilma cometeu erros, porém, a partir desses erros, a oposição,
particularmente Aécio Neves (PSDB-MG), inconformado com a derrota, quer a
presidência a qualquer custo. Ele está insuflando uma crise artificial",
diz.
Sobre essa "crise artificial", ele
critica a atuação do ministro do Supremo, Gilmar Mendes, e do ministro do TCU,
Augusto Nardes. "Essa crise artificial provoca instabilidade política e
incertezas quanto ao futuro, com consequências graves na economia: empresas se
endividam mais por conta da elevação da taxa de câmbio e têm de fechar diante
de toda a incerteza. Isso vai criando desemprego. Entendo que esses atores aí,
Aécio Neves à frente da oposição, ministro Gilmar Mendes e Augusto Nardes estão
provocando um desserviço ao Brasil. Estão conspirando não apenas contra o
governo, mas contra o país, porque as consequências dessa crise política
artificial na economia são graves, e quem mais perde é o povo, os
trabalhadores", diz.
Para Fornazieri, não há perspectiva de melhora. "Continuando a
Dilma, ela será um governo fraco e substituindo, aparentemente a crise se
agrava. Então, digo que a Dilma é um mal menor. Tirá-la agravaria a crise. Acho
que os setores democráticos não aceitariam um golpe, pois o impeachment, no meu
ponto de vista, agora é um golpe", diz.
Brasil 247
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