Com a contundência que lhe é peculiar,
Roberto Requião foi direto ao coração da besta em seu último pronunciamento no
julgamento do impeachment.
“Não pretendo, nesta sessão, moderar a
linguagem ou asfixiar o que penso. Não vou reprimir a indignação que me
consome. ‘Canalha! Canalha! Canalha!’”, falou.
Requião não se dirigiu nominalmente a
ninguém, mas não precisou. No plenário, Aécio Neves, ao lado de Antonio
Anastasia, sabia que era para ele. O câmera da TV Senado também. Teve a
gentileza de focalizar Aécio mais adiante no discurso, escarrapachado na
poltrona, visivelmente desconfortável.
Em 2 de abril de 1964, o avô de Aécio,
Tancredo, deu o mesmo grito para Auro de Moura Andrade, que declarou vaga
a presidência da República quando João Goulart estava em Porto Alegre.
“A Constituição Federal está sendo
rasgada e estamos diante de um golpe de Estado”, disse Requião.
“Duvido que um só de nós esteja
convencido de que a Presidente Dilma deva ser impedida por ter cometido crimes.
Não são as pedaladas ou a tal irresponsabilidade fiscal que a excomungam. O
próprio relator da peça acusatória praticou-as à larga, só que lá, em Minas,
não havia um providencial e desfrutável Eduardo Cunha nem um centrão querendo
sangue, salivando por sinecuras e pixulecos.”
Prosseguiu: “A inocência do relator é a
mesma de Moura Andrade, declarando vaga a presidência. Ah!, as palavras de
Tancredo coçam-me a garganta. Este Senado está prestes a repetir a ignomínia de
março de 64. O que se pretende? Que daqui a alguns anos se declare nula esta
sessão, como declaramos nula a sessão que tirou o mandato de Goulart, e peçamos
desculpas à filha e aos netos de Dilma?”
Assim como o depoimento de Dilma na
farsa do impedimento foi seu ápice, aquele foi o de Roberto Requião. Aécio
sai dessa fraude ainda menor do que entrou.
Canalhas. Canalhas. Canalhas.
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