Diz a lenda que antes do rio São Francisco ser formado, viviam tribos indígenas nos chapadões da bacia e entre essas tribos, existia uma doce índia chamada Irati, noiva de um forte guerreiro.
Com saudade do bravo companheiro que foi lutar pela posse da terra contra o homem branco e não voltou mais, Irati sentou em um pedra e chorou dias. De tão grande, sua tristeza deu origem ao Opará, que significa rio-mar, na linguagem indígena. Os passos dos guerreiros à caminho da guerra afundaram a terra criando um grande sulco. As lágrimas da índia Irati escorreram por esse sulco e pelo chapadão, despencando do alto da serra formando uma linda cascata. As águas da cascata escorreram para o norte e até hoje deságua no oceano Atlântico.
Infelizmente para a índia Irati e o seu noivo guerreiro essa história não
teve final feliz, mas para nós e milhões de pessoas, que vivem desse rio feito das lágrimas de saudade de uma índia apaixonada, as suas águas são sagradas.
O Velho Chico, apesar de continuar belo,
jamais esteve tão maltratado. Mesmo assim, continua fertilizando terras de cinco
Estados, dando de beber aos barranqueiros, povoando de sonhos e lendas dos
lugares por onde passa, encantando seus navegantes.
Nas
últimas décadas, o São Francisco já perdeu três dos 16 afluentes perenes. Os
rios Verde Grande, Salitre e Ipanema tornaram-se temporários, reduzindo o
volume de água disponível para navegação, irrigação, pesca e geração de
energia. Os três rios deixaram de ser permanentes por causa da ação devastadora
de siderúrgicas de Minas Gerais e mineradoras baianas – que utilizavam a mata
ciliar na produção de carvão.
Além disso, há a poluição provocada pelas cidades. A metrópole de Belo Horizonte, por exemplo, situada na bacia do São Francisco, castiga o principal afluente do Velho Chico, o Rio das Velhas, com o lançamento de esgotos de uma população superior a 4 milhões de habitantes.
Além disso, há a poluição provocada pelas cidades. A metrópole de Belo Horizonte, por exemplo, situada na bacia do São Francisco, castiga o principal afluente do Velho Chico, o Rio das Velhas, com o lançamento de esgotos de uma população superior a 4 milhões de habitantes.
Atualmente,
depois dos estragos causados pela exploração de ouro e diamante no quadrilátero
ferrífero mineiro no passado recente, a principal ameaça ao futuro do São
Francisco vem da atividade agrícola, com o avanço das plantações de soja e café
nos cerrados baianos.
Por
conta desta secular imprevidência, o leito do rio está a cada ano mais
assoreado e poluído, de acordo com o relato geral dos próprios moradores das
comunidades ribeirinhas e pescadores. Só no lago de Sobradinho, por exemplo, o
rio despeja 18 milhões de toneladas de areia, numa quantidade de sedimento que
corresponde a uma área de 10 mil hectares. Não é por outro motivo que se
verificam tantas reclamações dos pescadores. A atividade pesqueira também vem
decaindo.
A
exemplo do rio, as populações que moram em suas margens também estão entregues
à própria sorte. A pobreza de cinco séculos foi amenizada com os projetos de
irrigação, mas a miséria continua lá, especialmente quando o rio atravessa as
regiões mais tórridas que se debruçam sobre as suas margens.
A origem do problema é conhecida há muito tempo. Depois do ciclo do ouro, a região do vale voltou ao abandono dos tempos primitivos. A poluição urbana é a grande vilã e quem sofre são as comunidades ribeirinhas.
A origem do problema é conhecida há muito tempo. Depois do ciclo do ouro, a região do vale voltou ao abandono dos tempos primitivos. A poluição urbana é a grande vilã e quem sofre são as comunidades ribeirinhas.
Não é demais afirmar que o Brasil jamais teria se formado
com essa extensão do seu território se não fosse os caminhos proporcionados pelo São Francisco.
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