O golpe é
a solução escolhida pelo mercado para derrubar uma Presidente inocente e
empossar em seu lugar um governo usurpador, integrado pelos personagens mais
conservadores, corruptos e misóginos da política brasileira.
O golpe é
o remédio empregado pela burguesia para desempatar, a seu favor, o conflito
distributivo instalado no Brasil com a crise capitalista mundial que teve
início em 2008 nos EUA e na Europa. Com o golpe, a oligarquia realça sua índole
reacionária e conspirativa, que rebrota ferozmente sempre quando sente seus
privilégios ameaçados.
O
conflito distributivo colocou em xeque o modelo “ganha-ganha” dos governos Lula
e Dilma; modelo baseado na conciliação de classes [com traidores e
conspiradores], no qual os ricos ficaram mais ricos e os pobres, menos pobres.
A
burguesia recupera, com o golpe, o controle direto do Estado para executar as
políticas favoráveis principalmente à sua fração financista.
Ampliará
a taxa de retorno e de lucratividade do capital, assim como intensificará o
repasse da renda pública nacional para o sistema financeiro internacional com
as verbas que deixarão de ir para o SUS, para a educação, para o Bolsa-Família
e para os investimentos necessários ao desenvolvimento soberano do país.
O plano
do governo usurpador é selvagem: entrega do petróleo pré-sal e da Petrobrás;
abandono da política de conteúdo nacional e de defesa da indústria e da
engenharia nacional; desvinculação orçamentária da saúde, educação, ciência e
tecnologia; flexibilização de direitos trabalhistas [jornada de trabalho,
férias e 13º salário]; reforma previdenciária regressiva; sabotagem do MERCOSUL
para a subordinação da política externa às potências imperiais; e retomada do
programa de doações do patrimônio público com privatizações lesivas ao
interesse nacional.
Em menos
de três meses, foram adotadas medidas de impacto estratégico negativo para o
país, como a venda aviltada da área de pré-sal Carcará para a petroleira
holandesa Statoil: com valor estimado em US$ 6,5 bilhões, foi doada por apenas
US$ 2,5 bilhões.
O governo
usurpador também prometeu ao mercado aprofundar as medidas anti-populares e
anti-nacionais depois das eleições municipais de outubro.
Com tal
agenda conservadora, o golpe só se viabiliza num contexto autoritário, de
exceção institucional e de supressão das liberdades políticas e civis – preço
que a oligarquia golpista demonstra estar disposta a pagar, como fica
evidenciado no enquadramento de ativistas sociais na Lei Anti-terrorismo e na
proibição de manifestações “Fora Temer” nos estádios das Olimpíadas.
A
resistência ao golpe e à restauração neoliberal conservadora é combatida com
forte violência policial e repressão política. A ofensiva do Gilmar Mendes para
extinguir o PT e a caçada patológica de setores do Ministério Público, Polícia
Federal e Judiciário ao Lula, são dois traços de uma mesma lógica fascista que
vai se banalizando.
Sérgio
Moro defende abertamente o uso de provas ilegais e ilícitas em processos
judiciais porque tem certeza de que não será punido pelo Conselho Nacional de
Justiça, pela OAB e tampouco pelas instâncias superiores do Judiciário.
É
impressionante, por outro lado, a blindagem do condomínio
jurídico-midiático-policial ao Temer, Serra, Jucá, Aécio, Sarney, Padilha e
outros golpistas, sobre quem existem provas robustas de corrupção. Isso
configura uma realidade de exceção, de proteção da criminalidade.
São
muitas e perturbadoras as evidências de que o Estado de Direito está seriamente
ameaçado de ser substituído por um regime autoritário.
Abundam
os sinais de endurecimento e de embrutecimento repressivo. A escalada do
autoritarismo passou a ser uma possibilidade lógica deste período histórico
aberto com o golpe.
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