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A REVOLTA DOS MALÊS NA BAHIA

10/22/2016

OS MALÊS NA BAHIA
A Rebelião dos Malês na Cidade do Salvador em 1835


A escravidão no Brasil contou com uma série de peculiaridades que nem sempre são mencionadas pelos livros disponíveis sobre o assunto. Nossa Salvador, a capital do estado da Bahia, em meados do Século XIX tinha metade de sua população formada por escravos e libertos provenientes das diferentes etnias africanas como os nagôs, haussás, minas e jejês.

Entre essas várias etnias, havia uma considerável parte desses africanos que praticavam a religião muçulmana e, em consequência, costumavam dominar a leitura e a escrita num ambiente em que muitos escravocratas portugueses e seus descendentes brasileiros eram analfabetos.

Os escravos malês realizavam a prestação de pequenos serviços ou a administração de casas comerciais e eram obrigados a repassar grande parte dos ganhos para seus proprietários.

Parte desses escravos, insatisfeitos com essa situação opressiva, passaram a se mobilizar em reuniões secretas, nas quais decidiram organizar uma ambiciosa rebelião. De fato, muito antes dessa revolta, a cidade de Salvador já havia sido palco de outras rebeliões em que escravos participaram de levantes, a exemplo da Conjuração dos Alfaiates de 1798.

No entanto, os escravos malês empreenderiam uma revolta orientada por uma postura radical que excluía a participação das elites econômicas e intelectuais da região.

O plano dos revoltosos consistia em tomar pontos estratégicos da cidade de Salvador com o objetivo de controlar o governo da capital. Para tanto, escolheram a data de 25 de janeiro de 1835 para colocar em prática suas ações revoltosas.

A data foi especialmente escolhida, pois neste dia grande parte da população e das autoridades se ocupavam com os preparativos das festividades em homenagem à Nossa Senhora da Guia, ocorridas na região do atual bairro do Bonfim, em Salvador.

Apesar de todo o cuidado para a execução de seus planos, os malês acabaram prejudicados pela delação de duas escravas libertas. Em análise, muitos historiadores acreditam que a traição ao movimento acabou ocorrendo por causa do caráter radical presente no ideário desta revolta de escravos.

Dessa forma, as autoridades conseguiram se preparar contra os revoltosos. No dia marcado para a ação, as tropas governistas saíram em busca dos locais onde os escravos poderiam estar reunidos.

Entre diversos pontos espalhados pela cidade do Salvador, na região de Água de Meninos, ali perto de São Joaquim, na Cidade Baixa, foi onde aconteceu o mais violento dos confrontos entre escravocratas e os heróis Malês.

Cerca de quinhentos militares e um esquadrão de cavalaria pressionavam os destemidos malês – que gradativamente foram empurrados em direção ao mar em frente a Ilha de Itaparica, do lado oposto a Salvador.

Por esse mar da Baía de Todos os Santos, um navio-fragata foi deslocado com um destacamento de marinheiros portugueses utilizados para abafar rapidamente qualquer tipo de resistência maior dos escravos Malês...

O caráter racista e colonialista português provocou certo alvoroço na sociedade imperial portuguesa na Bahia. Muitos membros da elite temiam que rebeliões escravas, como as acontecidas no Haiti, pudessem ameaçar os ditames e privilégios da ordem instituída no Brasil Colônia de Portugal.

Visando conter outros movimentos lebertários, as autoridades colonizadoras portuguesas ordenaram a execução de quatro líderes da Rebelião e a deportação de outros setecentos Malês envolvidos.
É assim a História do Brasil Colônia feita de Lágrimas e Sangue!


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