Como no Big Brother, existe uma maneira muito simples de a
gente parecer mais interessante do que de fato é diante de uma multidão. Basta
criar uma conta no Facebook e manifestar desprezo por qualquer coisa que seja
popular. Como o Big Brother ou o próprio facebook.
Neste mês de janeiro, quando as inserções do Big Brother, do
Grande Irmão da Globo passam a ser mais frequentes na tevê, o movimento de
pudores eletrônicos ganha um tom de campanha política com Lula, sem Lula ou sempre com Lula.
Depois que inventaram as correntes de Facebook, a substituir
o pré-histórico jogo da velha, ficou muito fácil manifestar nossos bons gostos
e engajamentos pela internet.
Basta compartilhar as fotos com as inscrições "Odeio
BBB", "Fora Kim Jung-Un”, "Meu
sofá da sala não é sentina", "Morte ao Paredão" ou "Tirem o
Nilson Azevedo daqui do pedaço".
Pega muito bem.
Se houvesse um guia prático do internauta moderno (sim,
porque existem os internautas da velha guarda, uns que se deixarem mandam até a
íntegra da missa aos domingos), a ojeriza aos reality shows seria a regra
número 1.
Mas não só.
Para parecer um cara muito legal na internet e na vida, é
preciso também:
Vai a Paris, Roma, Berlim, Nova York ou vai para Xique-Xique ? Avise todo mundo pedindo dicas desses lugares para os amigos. Chegando lá ou em Xique-Xique não espere a volta para postar impressões e fotos.
Coloque na sua página a lista de artistas brasileiros
que devem constar das suas preferências musicais: João Gilberto (aquele do
"vai, minha tristeeeeeza…"), Chico Buarque ("estava à toa na
vida, o meu amor me chamou..."), Caetano Veloso ("a que será que se destina a
cajuína cristalina em Teresina..."). Mantenha certa distância de Raul Seixas
(tiozão demais, coisa de hippie doido).
E não se esqueça de elogiar a revista Veja e de referir-se ao ex-presidente Lula como o ”Nordestino Apedeuta" que será vilipendiado, escorraçado, condenado e preso no próximo dia 24 de janeiro.
Mas o Brasil é muito chique, minha gente!
Ninguém vai dar a mínima, mas o importante é ficar bem com a
gente mesmo. Ou viver cada minuto como se fosse o último. E dormir com a
consciência tranquila. Ou qualquer outro clichê que sirva.
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